Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupante Situação Mundial e a Água em Marte

29 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: carência de boas colocações sobre os grandes problemas mundiais, carência de estadistas., uma notícia remota como a água em Marte ocupa as manchetes

clip_image001Ainda que a constatação da existência de água em Marte seja importante do ponto de vista científico, considerando um futuro muito remoto, se alguns jornais e meios de comunicação social colocam este assunto como a manchete mais importante, fica-se com a impressão que os nossos líderes mundiais não estão sendo capazes de atuar como estadistas, apresentando indicações das soluções para nossos problemas mais graves.

Foto divulgada pela NASA informando sobre a existência de água em Marte, constante das manchetes de diversos jornais

Certamente, o assunto da água em Marte é muito importante do ponto de vista científico e relevante para quando os seres humanos chegarem naquele planeta num futuro ainda distante. Mas, se o assunto vira a manchete principal em alguns jornais, parece que existe uma carência enorme de fatos mais relevantes gerados pelos nossos líderes. Muitos estavam em Nova York para a Assembleia das Nações Unidas, quando assuntos dramáticos como dos refugiados, necessidade de decisões relevantes para a preservação da sustentabilidade com as ameaças climáticas, a crise econômica mundial ou os conflitos armados encontram-se em pauta.

Tudo indica que não estamos conseguindo equacionamentos operacionais para os graves problemas que afetam a humanidade no seu dia a dia. A discussão ainda são medidas paliativas para as massivas migrações que estão ocorrendo com sacrifícios de multidões de inocentes, não somente pelas guerras insensatas que perduram no Oriente Médio, com líderes como Barack Obama e Vladimir Putin trocando acusações sobre as irracionalidades que acontecem principalmente na Síria.

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Foto do edifício das Nações Unidas em Nova York

Os problemas dos refugiados africanos aparentam estar distantes das preocupações do nosso cotidiano, como se fossem assuntos que estão ocorrendo para lá de Marte. Os animais domésticos como os cães e gatos, certamente importantes, recebem mais recursos e atenções que os milhões de crianças, que estão morrendo por falta de alimentação e medicamentos.

As irregularidades climáticas que provocam inundações e secas em muitas partes do mundo, ceifando vidas e destruindo patrimônios familiares ou coletivos, vão ser tratados somente com metas para 2030 ou 2050, com dirigentes como da Volkswagen ludibriando inspeções de veículos altamente poluentes.

As instituições bancárias mundiais continuam recebendo volumosas assistências financeiras para não provocarem riscos sistêmicos, com prejuízos sobre as atividades produtivas como as industriais e agrícolas, aumentando os seus controles sobre a economia como um todo, notadamente com os câmbios e os juros que são confessadamente manipulados, remunerando escandalosamente seus executivos que promovem irregularidades em paraísos fiscais.

Ainda que os brasileiros fiquem escandalizados com as corrupções que corroem entidades como a Petrobras e outras instituições governamentais, o que não deixa de ser um avanço, não se divulga o que vem sendo feito há muitas dezenas de anos, até mais de um século, pelas grandes e poucas empresas que atuam no mercado de petróleo e derivados no mundo. É só somar os pequenos percentuais sobre as fabulosas cifras de comercialização do petróleo para se chegar a cifras que transformam as brasileiras em “peanuts”.

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As Seven Sisters que já mudaram com fusões

Parece que ninguém conhece o significado do “complexo militar-industrial”, que sempre movimentou trilhões de dólares para os seus interesses políticos-eleitorais em variados países do mundo. As situações monopolísticas de algumas empresas de comunicação social são ignoradas, ainda que seus dados de audiência não sejam as mais corretas.

Parece que nem sempre o pão é suficiente, mas o circo atende todas as necessidades até populares, pois os espetáculos são apresentados até no Congresso ou no Judiciário, para não manter o monopólio do Executivo. Privilégios absurdos são abertamente defendidos.

Não se imagine que as dificuldades são somente do setor público. As gigantescas entidades privadas acabam contando com distorções assemelhadas, onde os interesses corporativos iludem até os seus acionistas. E deve se evitar os cortes dos recursos tributários que são carreados pelas “s”, também não se compreende que os mesmos estejam inflando algumas entidades como se fossem ministérios.

Mas, com todas estas limitações, precisamos continuar na esperança que aperfeiçoamentos acabarão sendo introduzidos nestes períodos de carência, com a necessidade transformando alguns líderes em estadistas, pois somos dotados, no mínimo, do instinto de sobrevivência e de perpetuação da espécie.