Desafios Como Motivações
30 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: como aproveitar a crise, inovações tecnológicas e eventos culturais, lições do passado.
É natural que suplementos do Valor Econômico como os relacionados com as inovações para rupturas tecnológicas, ou o que é possível fazer com os eventos culturais nestes períodos de crise, quando o clima geral não é dos mais animadores e não se restringem somente ao Brasil, possam ser superados. Podemos buscar no passado brasileiro exemplos dos momentos mais criativos, quando o regime autoritário apresentava desafios a serem superados.
Capa do Suplemento Especial sobre Inovação
Acredito na existência de quase um consenso que nos períodos autoritários da história do Brasil muitos artistas brasileiros foram criativos produzindo as melhores de suas obras, mesmo com as restrições da censura e outros meios que viam nestas atividades contestações sobre o que ocorria no país. Hoje, apesar da ampla liberdade democrática, as criações não passam pelos períodos mais brilhantes, permitindo suspeitar que os desafios sejam importantes para a criação.
A natureza da atual restrição é mais das limitações econômicas e os talentos brasileiros poderiam estar voltados para a sua superação. Isto acontece com as inovações tecnológicas que permitem elevar a produtividade, tornando as atividades empresariais mais competitivas no exterior, ou que os problemas internos possam ser superados nas suas restrições. Verifica-se que tecnologias de economia de energia ou de água, já amplamente utilizados no exterior, ainda não ganharam destaque no Brasil. Como eventos culturais que passam por um período de limitações dos generosos patrocínios, principalmente de muitas estatais.
Muitas tecnologias que se mostram eficientes no exterior, com baixos custos, poderiam ser adaptadas para uso nas condições brasileiras. Também a ampla biodiversidade brasileira poderia ser aproveitada para a geração de novos produtos, tanto para atendimento do mercado interno como para exportações que gerariam preciosas divisas para importação daquilo que não dispomos.
Eventos culturais estão se voltando para artistas que sem grandes destaques pessoais não poderiam ser remunerados sobejamente. Com custos relativamente baixos, estão sendo oferecidas oportunidades para ficarem conhecidos do grande público. Observa-se que tanto a OSESP como o SESC, duas instituições que lideram muitos eventos culturais, estão adotando tais técnicas, até voltando a prestigiar figuras veteranas que não obtiveram grandes sucessos, mas apresentam trabalhos de elevada qualidade. Isto não ocorre somente com artistas brasileiros como também estrangeiros que podem apresentar trabalhos expressivos com custos mais baixos.
Há, portanto, novas oportunidades para voltar a atenção para pontos que ficaram esquecidos durante os períodos de euforia. Há que se garimpar, pois existem joias preciosas que não contaram com oportunidades de destaque no cenário artístico. Tudo isto exige um grande esforço, mas existem no momento recursos humanos ociosos que podem ser engajados neste sentido.