Médico Sem Fronteiras e Trabalhos Voluntários
5 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: crimes contra a Humanidade, erros imperdoáveis., revoltantes contrastes, trabalhos voluntários assumindo elevados riscos
Meu herói maior desde a minha infância era o Doutor Albert Schweitzer, médico e missionário alemão que se dedicava na África para atender voluntariamente as crianças carentes, um pioneiro do atual Médico Sem Fronteiras, que sofre no Afeganistão, num pequeno hospital de Kunduz, uma agressão injustificável dos militares norte-americanos.
Dr. Albert Schuweitzer
Praticamente todos os meios de comunicação social do mundo estão registrando as condenações aos bombardeiros contínuos efetuados pelas forças aéreas dos Estados Unidos sobre um pequeno hospital dos Médicos sem Fronteiras em Kunduz, no Afeganistão. Autoridades das Nações Unidas estão considerando os acontecimentos crimes contra a Humanidade e o presidente Barack Obama está exigindo investigações rigorosas. As primeiras informações dão conta que, mesmo avisados tratar-se de um hospital dos Médicos sem Fronteiras, os bombardeios continuaram por mais 30 minutos, sob a alegação de que estavam atacando terroristas. As informações dão conta que médicos, enfermeiros e funcionários faleceram, além de crianças e pacientes.
Estes ataques já vinham ocorrendo em Kunduz e os pacientes do hospital tiveram que ser transferidos para locais distantes, pois o hospital ficou incendiado depois do ataque e praticamente sem condições de uso. Ainda que investigações estejam ocorrendo, algumas autoridades militares norte-americanas alegam que os danos foram efeitos colaterais. A localidade é conhecida e a possibilidade da ocorrência de erro é muito remota, principalmente com os meios disponíveis pelas forças norte-americanas.
Estado em que ficou o hospital dos Médicos sem Fronteiras, foto da AP
Todos sabem que quem trabalha para os Médicos sem Fronteiras são voluntários e suas atuações ocorrem em locais de elevados riscos sem que as autoridades locais ou militares tenham condições de proporcionar assistências médicas condizentes. São idealistas que colocam suas missões acima das obrigações profissionais, como atos a favor da Humanidade.
De outro lado, lamentavelmente, existem militares estressados que adotam meios que extravasam os aceitáveis pelas leis internacionais relacionados com os atos de guerra. Os indícios de que neste caso alguns limites sofreram descontroles parece hipóteses razoáveis. Responsabilizações rigorosas são necessárias para coibir comportamentos que sacrificam vidas de voluntários idealistas que merecem as mais elevadas honras.