Os Dados de Consumo das Redes de Varejo
13 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: ainda que as noticiais oficiais sejam otimistas, os empresários do varejo japonês apresentam suas dúvidas, os resultados não estão sendo tão brilhantes e estáveis.
Um artigo elaborado por Izumi Nakagawa e Stanley White distribuído pela agência Reuters informam que empresários das redes de varejo do Japão não estão tão otimistas como o governo Shinzo Abe sobre a recuperação do consumo dos japoneses.
Consumidoras japonesas mais cautelosas com suas compras. Foto constante do artigo distribuído pela Reuters.
As autoridades de diversos países acabam sendo mais otimistas sobre a recuperação da demanda, como também ocorre no Japão. No entanto, os dirigentes de redes de vendas a varejo estão constatando que seus resultados não são tão otimistas como do governo Shinzo Abe naquele país.
O que parece estar ajudando na demanda no Japão é a massa de turistas estrangeiros com suas compras, como ocorrem no chamado Golden Week chinês, com a sequência de feriados que provocavam verdadeiras ondas de turismo de compras no Japão, apesar dos frequentes problemas políticos entre os dois países. Os consumidores chineses acabam cuidando de seus interesses específicos, acreditando que usufruem vantagens com compras no Japão, inclusive com a credibilidade dos produtos adquiridos naquele país, mesmo os fabricados na própria China.
Até os analistas japoneses estão impressionados com as compras dos turistas chineses no Japão, que ajudam a economia japonesa
Empresários como Noritoshi Murata, presidente da Seven & I Holding, que mantém uma das maiores redes de lojas de conveniência no Japão, reduziram suas estimativas de lucro para menos da metade antes prevista, provocando uma queda das suas ações na bolsa.
Alguns aumentos de preços dos alimentos importados com a desvalorização do yen, ainda que pequena, está provocando quedas no consumo, enquanto os reajustamentos salariais não estão tão otimistas como o governo procura divulgar. Estava previsto para ser de 0,5% em julho último, mas acabou em cerca de 0,2%. Os assalariados estão ficando presos nos seus empregos com baixa remuneração.
Também os empregados temporários contam com salários mais baixos que os de carreira nas empresas. Outro problema preocupante é que o governo está planejando um inevitável aumento dos impostos em 2017, diante do crescimento de sua dívida pública.
Uma empresa de confecções chamada Onward Holding constata que seus resultados foram inferiores aos esperados, pois os consumidores estão comprimindo suas bolsas. Isto também ocorreu com a Uniqlo, da Fast Retailing, que está ampliando suas redes em países do Sudeste Asiático e na China. A política econômica chamada Abeconomics está provocando resultados desiguais em diversos setores.
O governo persegue sair da deflação chegando a um mínimo de inflação de 2% ao ano, mas parece que ela está provocando a fuga de alguns consumidores.
O que parece inevitável reconhecer é que manter o crescimento de uma economia com a sua população decrescendo e envelhecendo é muito difícil. Também acreditar que sua recuperação vai decorrer do chamado TPP, mesmo sacrificando seu meio rural, com um novo ministro da Agricultura afirmando absurdos que só se baseiam na sua vontade, acaba parecendo com o Brasil, onde a racionalidade não é o forte.
Parece indispensável o reconhecimento de que as economias possuem as suas limitações e não podem ser superadas somente pelas vontades políticas.