As Eleições na Argentina
23 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: aguardar as mudanças., esforços econômicos para o ajustamento, esperanças com a vitória de Maurício Macri
O longuíssimo período do peronismo seguido pelo kirchnerismo, com um populismo exagerado, deixou a Argentina com agudas dificuldades econômicas, neste país que terminou a Segunda Guerra Mundial com o invejável nível de renda per capita, superando as nações desenvolvidas da Europa. O ajustamento necessário vai exigir grandes esforços difíceis de serem efetuados numa só etapa.
O candidato oposicionista Maurício Macri após o anúncio de sua vitória
A Argentina é um dos mais importantes parceiros vizinhos do Brasil. É um membro vital do Mercosul e os brasileiros necessitam que o país se recupere de sua longa história recente de dificuldades econômicas e políticas. O presidente eleito é classificado como de ideologia centro direita, com experiência no setor privado e era o prefeito de Buenos Aires, que concentra uma grande parcela dos eleitores argentinos.
Revelou sua capacidade política conseguindo aglutinar para o segundo turno as forças derrotadas no primeiro, ainda que o seu adversário governista contasse com mais votos na primeira rodada. O que poderá formular como política econômica ainda é uma incógnita, mas certamente vai exigir da população argentina um grande sacrifício por um bom tempo.
Ele terá que corrigir a política cambial para recuperar a capacidade de exportação do seu poderoso setor agropecuário, vital para aquele país. Certamente, terá que se coordenar com o Brasil para estabelecer um mínimo de racionalidade no Mercosul, visando estabelecer acordos de livre comércio com a Europa e outros blocos do mundo.
A América do Sul abusou por longos períodos consumindo mais que produzia, mas tem todas as condições para entrar num novo rumo, contando com empresários e profissionais que conhecem as limitações da economia. Os problemas serão políticos, mas os peronistas e seus seguidores ficaram fortemente desgastados pelos longos períodos de dificuldade que empobreceram quem tinha um padrão de vida invejável de classe média alta.
Pelo que se conhece deste político, ele não abusa das declarações grandiloquentes que costumam empolgar as massas, mas não são dotadas da consciência das limitações econômicas inevitáveis. Serão períodos difíceis, mas na medida em que os empresários e os investidores externos tenham a convicção da volta da Argentina ao caminho correto, as expectativas se alteram, podendo operar um verdadeiro milagre.
O Brasil espera que algo parecido ocorra no país vizinho, podendo também contagiar o país com um pouco mais de racionalidade, ainda que as tarefas de reconstrução sejam gigantescas e demandem um pouco de tempo.