Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cuidados nas Interpretações dos Efeitos Regionais

6 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: acumulação das melhores condições ao longo do tempo, impactos mais fortes no Sudeste, natural defasagem dos efeitos nas margens do Norte e Nordeste, um artigo no Valor Econômico

Um artigo muito informativo foi escrito por Tainara Machado e Eduardo Campos e publicado no jornal Valor Econômico, que exige certo cuidado na sua interpretação. Construiu-se um Índice de Atividades do Banco Central por região, agregando informações da produção industrial, varejo, serviços e criação de emprego e outros indicadores.

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Tabela constante do artigo do Valor Econômico

É possível constatar que a atual crise pela qual passa a economia brasileira impacta mais rapidamente no Sudeste e Sul, o Centro Oeste ainda é preservado com o crescimento da produção agropecuária, chegando ao Norte e Nordeste com alguma defasagem.

No passado, o Sudeste e o Sul concentravam o desenvolvimento brasileiro acumulando um patrimônio importante, sendo que o Centro Oeste, o Norte e Nordeste foram beneficiados mais recentemente. Este indicador criado pelo Banco Central reflete bem que estaria acontecendo o que os economistas chamam de “na margem”, ou seja, atualmente.

Houve um período em que havia uma imigração, principalmente do Nordeste em direção ao Sudeste brasileiro. Mais recentemente, houve um refluxo da população para o Nordeste, beneficiando também as regiões pioneiras do Norte, tanto com a melhoria da infraestrutura como novas atividades agropecuárias e todos os serviços que lhe dão apoio.

O que parece importante é o fato deste processo resultar num acúmulo do patrimônio tanto das famílias como das empresas, bem como criação de infraestrutura, ainda este último fortemente dependente do setor público. Parece claro que este índice criado pelo Banco Central reflete o que está acontecendo na margem, pois tais patrimônios permanecem, mesmo sofrendo com suas depreciações com as suas utilizações.

O bem-estar nestas regiões é proporcionado também pelo patrimônio que foi acumulado nos diversos períodos, sendo que o crescimento ou decrescimento atual é um fator importante, mas não é o único determinante. Existem países que já conquistaram o desenvolvimento no passado, mas que passará a crescer menos recentemente. Ainda assim, a sua população pode usufruir de um nível de bem-estar elevado.

As regiões emergentes, que no Brasil estariam no Centro Oeste e no Norte, que está sofrendo uma ocupação mais intensiva no recentemente, ainda não acumulou uma infraestrutura, principalmente social, que possa atender a sua população de forma eficiente, mas está melhorando significativamente a sua qualidade. As regiões mais tradicionais como o Sul, Sudeste e Nordeste apresentam desigualdade de bem-estar, com as diferenças de capital que acumularam.