Desafios na Logística Mundial
2 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: alteram as competitividades das distâncias, análise do The Economist, fatores que afetam seus comportamentos a médio e longo prazo, um problema pouco estudado apesar de sua importância
Apesar do sistema logístico ter o poder de alterar o quadro da competitividade de diversos produtos, ele não é estudado com o cuidado recomendado, pois existem muitos fatores que o afetam a médio e longo prazo.
Um gráfico que ilustra importante artigo publicado no The Economist, mostrando a queda recente das cargas
Um artigo de grande importância está publicado no site do The Economist mostrando parte substancial do que vem alterando o quadro mundial da logística. Ele tende a sofrer novas mudanças com as intensificações dos acordos comerciais de livre comércio em todo o mundo.
Quando o Brasil estabeleceu com o Japão um sistema revolucionário de logística no mundo em torno de 1970, tornando o minério de ferro brasileiro competitivo no outro lado do globo, tendo como carga de retorno o petróleo do Golfo Pérsico, o mundo apressou-se a adaptar para seu benefício o que os dois países tinham feito num importante entendimento bilateral.
Hoje, neste mundo conturbado, muitas mudanças estão se processando, não se considerando ainda os efeitos dos grandes acordos de livre comércio, que devem intensificar as transações comerciais no mundo, mas já se processam transformações de grande importância.
Este gráfico constante do artigo do The Economist mostra os gigantescos navios que estão sendo utilizados atualmente
É compreensível a utilização de mais porta-contêineres e deverão continuar a aumentar seu uso em todo o mundo, ainda que temporariamente a redução do preço do petróleo tenha alterado este quadro. Estima-se que 60% dos produtos transacionados atualmente possam ser acondicionados em contêineres, que podem contar com cargas de retornos com outros produtos industriais. Os granéis líquidos e sólidos precisam de navios especializados, e nos entendimentos dos brasileiros e japoneses desenvolveram-se os chamados ore/oil permitindo o transporte de ambos, sabendo que necessitariam de terminais portuários para tanto. As economias permitidas pelas escalas e eficientes combinações das cargas acabam anulando as diferenças das distâncias, mas exigem intensidades nos seus comércios.
Atualmente, os volumes exportados e importados da Ásia, tanto para a América do Norte como à Europa, são relevantes, permitindo o uso eficiente destes contêineres. No caso brasileiro, fora destas rotas privilegiadas, conta-se com excessos de contêineres sem carregamentos de retorno, gerando a oportunidade de algumas cargas que podem ser beneficiadas nas exportações do Brasil.
Muitas mudanças estão ocorrendo, como a queda dos preços do petróleo, do aço utilizado na construção dos navios, que deverão sofrer novas mudanças num futuro mais distante, que precisam ser consideradas quando se trata de sistemas logísticos. Os potenciais para crescimento dos usos de contêineres devem-se ao aumento dos intercâmbios de produtos industriais, podendo se beneficiar dos acordos de livre comércio.
Os avanços tecnológicos não só reduzem os custos dos transportes, em parte em decorrência da escala, como trazem melhorias constantes nas operações portuárias. Também novos produtos passam a ser possíveis de serem acondicionados em contêineres, inclusive alguns granéis sólidos como líquidos, em quantidades menores. Refrigerações eficientes permitem que alimentos frescos possam ser transportados para grandes distâncias.
O importante é que há uma necessidade de que tudo isto seja considerado de forma sistêmica, pois é o conjunto de todos eles que acabam permitindo a competitividade. Isto é importante para países como o Brasil, que ficam fora das rotas com intensidades nos volumes transportados em ambos os sentidos e estão atrasados nos entendimentos visando benefícios dos acordos de livre comércio.