Dificuldades Japonesas na Compreensão das Limitações
26 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: análises geopolíticas limitadas dos japoneses, artigo no Nikkei Asian Review, atitude menos radical dos Estados Unidos, outros interesses envolvidos.
Um artigo elaborado por Tetsuro Kosaka, publicado no Nikkei Asian Review, mostra as limitações das análises geopolíticas dos japoneses, mesmo quando constatam diferenças de comportamento dos japoneses, filipinos e australianos com os norte-americanos durante o encontro realizado na Malásia, utilizando a oportunidade da reunião do ASEAN.
Foto de embarcações para desembarques de tropas chinesas, numa foto que ilustra a matéria publicada no Nikkei Asian Review
O jornalista japonês não se conforma com a atitude pragmática dos Estados Unidos no Mar Sul da China evitando um confronto direto com os chineses, informando que as disposições japonesas, filipinas e australianas são mais claras. Para ele, os norte-americanos estão contrariados e imagina que aguardem um tempo para refazer seu cansaço diante dos desgastes em diversas partes do mundo.
É evidente que os Estados Unidos estão com a sua Marinha presente na região dispondo de mais equipamentos que a China no momento, mas os chineses estão aumentando o seu orçamento mais rapidamente para a finalidade. No entanto, ele mesmo alinha três razões básicas pelas quais os norte-americanos não entram em confronto direto com os chineses para assegurar o controle da região, no que contam com disposição de ajudas japonesas e australianas.
Aponta os problemas com o Estado Islâmico no Oriente Médio, bem como problemas no próprio país ou na Europa com terrorismos. Bem como os confrontos com a Rússia, notadamente na Ucrânia. No entanto, parece que existem também problemas de comércio com o Japão, que procura manter com a China e a Coreia do Sul, apesar de suas diferenças políticas e militares.
Ele entende que os norte-americanos estão desgastados com os esforços no Afeganistão e no Iraque, com transtornos pós-traumáticos entre seus soldados, o que não permite a Barack Obama adotar posições mais ousadas. Também o orçamento dos Estados Unidos não comportaria despesas adicionais no momento, havendo necessidade de longa espera para novos gastos. Isto poderia ser parte do problema, mas não o todo, e concentrado no Congresso.
É evidente que a China vem aumentando o seu poderio militar na área, com a desculpa que se prepara para defender uma rota estratégica para o seu abastecimento, estabelecendo inclusive novas bases civis e militares. O fato concreto é que deseja manter uma presença para contar com a colaboração dos seus vizinhos que são importantes parceiros comerciais, com potencial para crescimento notadamente nos países emergentes.
O período dos confrontos militares parecem superados no mundo fortemente globalizado, com interesses econômicos e comerciais interlaçados, ainda que inevitáveis. O mínimo poderio militar para evitar exageros é providenciado, mas nenhuma das partes deseja aprofundar as divergências a ponto de exigir gastos exagerados do ponto de vista da presença militar, que sempre é custosa.
Os esforços para a sustentação de um crescimento econômico razoável, utilizando tanto os mercados externos como internos, parece exigir grandes gastos, devendo-se evitar os que não multiplicam seus benefícios para as economias locais. Os esforços diplomáticos devem ser intensificados, assim como acordos de livre comércio de muitas naturezas, como estão sendo providenciados. Isolar a China não é uma tentativa muito inteligente.
Também existem problemas graves do ponto de vista da sustentabilidade global, como os que vão exigir grandes gastos para a redução do ritmo de deterioração do meio ambiente e suas consequências climáticas. O que parece indispensável é que os japoneses, depois dos traumas da Segunda Guerra Mundial, também tenham condições de imaginar sua menor dependência dos Estados Unidos para a sua defesa externa.
Deste ponto de vista, mesmo com dificuldades, esforços como os realizados dentro do G-20 parecem mais realísticos do que uma bipolarização mundial em termos de blocos.