Exposição dos 80 Anos do Grupo Seibi em São Paulo
17 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: 80 anos do Grupo Seibi, artigo no Estadão, intercâmbio dos artistas nikkeis com artistas brasileiros.
Se existe um movimento artístico dos nikkeis reconhecido em todo o Brasil, esse foi do Grupo Seibi, que começou liderado com Tomoo Handa (1906-1996), Yoshiya Takaoka (1909-1978) e Yuji Tamaki (1916-1979).
Um dos muitos trabalhos de Tomoo Handa, fundador do Grupo Seibi
Anos antes dos artistas plásticos nikkeis ganharem projeção com Manabu Mabe, Tomie Ohtake e muitos outros, muitos artistas se reuniam para aperfeiçoar suas técnicas com as lições como de Takaoka, que ensinava detalhes da pintura para outros mais jovens, e expunham seus trabalhos para o público.
Tive a felicidade de, na minha infância, conhecer a maioria deles que me escolheram trabalhos ainda hoje mantidos em meu modesto acervo. Eles trabalhavam pela troca de refeições nos restaurantes da região do bairro da Liberdade, em São Paulo. Muitos pintavam gravatas, o que começou com Shigeto Tanaka, e passou depois para Manabu Mabe, que eram vendidos na alfaiataria do meu pai, na Praça João Mendes.
O grupo manteve intercâmbios com pintores mais conhecidos como do Rio de Janeiro e do famoso Grupo Santa Helena, em cujo velho edifício muitos ateliês estavam instalados, como os de Volpi, Bonadei e Pennacchi, entre outros. As trocas de informações permitira que todos se beneficiassem, pois ainda não havia um espírito comercial dominante.
Agora, anuncia-se na comemoração dos 80 anos do Grupo Seibi que a Proarte Galeria reúne alguns trabalhos de sete dos membros deste grupo. No começo, eram quase anônimos, hoje muitos são conhecidos como Tikashi Fukushima, Kazuo Wakabayashi e muitos outros.
Se hoje Tomie Ohtake, que começou tarde a sua carreira, é conhecida como a Primeira Dama das Artes Plásticas brasileiras, parte se deve ao seu aprendizado no Grupo Seibi. O sucesso dela, precedido pelos prêmios internacionais de Manabu Mabe, que tinha passado para o abstrato, ajudou a todos, pois os preços de suas obras começaram a render alguma coisa, que são ainda modestos com o modismo atual da chamada Arte Contemporânea, que nem sempre conta com a acumulação de muito trabalho.