Geopolítica Chinesa
8 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: contrastes com o resto do mundo, entendimentos da China com Taiwan, seus problemas internos., uma determinação de uma grande potência
O encontro simbólico de Xi Jinping, da China, com Ma Ying-jeou, de Taiwan, em Cingapura, noticiado com destaque em todo o mundo, parece ser uma indicação expressiva da firme orientação chinesa, que se destaca no mundo, quando outras potências como os Estados Unidos e seus aliados passam por períodos da falta de uma orientação clara.
Xi Jinping da China e Ma Ying-jeou de Taiwan
Na Folha de S.Paulo, Clovis Rossi, na sua coluna e um artigo baseado nos despachos das agências noticiosas, informa que depois de 66 anos os representantes da China e de Taiwan se encontraram em Cingapura para um aperto de mão e uma reunião fechada de uma hora, ainda que nada tenha se firmado. Todos os cuidados protocolares teriam sido tomados, sem as bandeiras nem o tratamento de Xi Jinping e Ma Ying-jeou com os títulos que costumam utilizar.
Todos sabem que se trata de um acontecimento histórico, ainda que a China continue oficialmente considerando Taiwan uma província rebelde e Taiwan continue com a sua pretensão de manter-se com um país independente. Mas reconheceram que todos são chineses e continuarão encontrando formas de convivência, com o máximo respeito às diferenças das formas de pensarem.
Tudo indica que haverá uma solução muito próxima do que acontece com Hong Kong, que mantém um regime diferenciado, ainda que o controle da China tenha aumentado. Deste ponto de vista, a China, com muitas regiões diferenciadas, vem encontrando formas para manter as diferenças existentes, ainda que se preocupando com a sua unidade, como acontece com o Tibet.
As matérias ressaltam que o gesto faria parte de uma demonstração com países, notadamente do Sudeste Asiático, que a China, mesmo com o avanço de suas influências pela Ásia, não pretende ser agressiva, evitando dificuldades como as tensões criadas no Mar Sul da China. Isto evitaria também choques desnecessários com a polarização dos Estados Unidos e seus aliados com a China, incluindo problemas de defesa.
Seria uma demonstração da confiança da China no seu destino histórico, afirmando não ter pretensões imperialistas do ponto de vista político, ainda que mantenha a sua denominação de País do Meio e venha implementando formas de ativação com outras regiões com a recuperação do conceito das novas Rotas da Seda. Isto fica mais ressaltado na medida em que os Estados Unidos e outros países enfrentam dificuldades de uma geopolítica mais clara de prazo longo.