O Cancelamento da Viagem da Dilma Rousseff ao Japão
30 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: comparação com a China, indicações das prioridades., mesmo compreensível os japoneses ficam indignados
Como a presidente Dilma Rousseff não está em condições de ausentar-se por um longo período do Brasil, ela cancelou a segunda fase da atual viagem que seria para a Ásia, visitando o Vietnã e o Japão, restringindo-se à rápida participação do CoP 21 em Paris, o que é compreensível, mas nem sempre aceito sem um constrangimento.
Chegada da presidente Dilma Rousseff em Paris
As autoridades brasileiras informaram que a segunda parte da atual viagem da presidente Dilma Rousseff, que compreendia também uma visita ao Vietnã e ao Japão foi cancelada diante da necessidade de definições internas de importantes problemas relacionados com a política econômica, o que é aceitável para todos. Restringiu-se à sua participação na abertura do CoP 21, considerando estratégica a participação do Brasil neste novo esforço mundial para estabelecer uma política climática global para as próximas décadas. É sabido que problemas relacionados com o Lava Jato também preocupam a evolução do quadro político no Brasil.
Mesmo assim, muitos japoneses acabam incomodados com os sucessivos adiamentos desta viagem relacionada com os 120 anos das boas relações do Brasil com o Japão, quando ela seria recebida pelo imperador e pela imperatriz que seria uma simbologia, bem como contatos empresariais seriam realizados no momento quando se necessita ativar o intercâmbio econômico e comercial entre os dois países.
Alguns japoneses ressaltam as diferenças com as duas viagens feitas por ela à China, que é atualmente uma importante parceira do Brasil na Ásia. Sabe-se que estes intercâmbios com os asiáticos, os brasileiros só tiveram a possibilidade de crescimento porque os acordos estabelecidos com o Japão criaram as condições para tanto, principalmente do ponto de vista logístico. Viabilizaram-se as exportações brasileiras de minérios como de produtos agropecuários, que se tornaram volumosos em direção à China.
É compreensível que existam momentos críticos exigindo opções difíceis em qualquer país. Uma viagem até o Japão demanda muito tempo, apresentando problemas difíceis de fusos horários, mas quando se encontram formas de atender os interesses relacionados com a vizinha China fica difícil de explicar cabalmente estas dificuldades.
O Japão continua sendo uma das principais economias do mundo, conta no Brasil com o maior contingente de imigrantes japoneses e seus descendentes, havendo também um número expressivo de brasileiros trabalhando no Japão. Mesmo enfrentando dificuldades, a pauta de projetos nipo-brasileiros continua expressiva, e autoridades brasileiras em nível ministerial vislumbram perspectivas de novos projetos, envolvendo inclusive setores de alta tecnologia.
O Brasil vende aviões da Embraer para o Japão, quando produtos similares estão começando a ser produzidos naquele país pela Mitsubishi Heavy. Pesquisas no Alto Rio Grande, em alto-mar, estão sendo feitas em conjunto utilizando submergíveis japoneses. Existem vastos campos na área da energia limpa como abastecimentos de água potável em projetos conjuntos, além da intensificação recente de produtos farmacêuticos e voltados à saúde humana, tirando partido da biodiversidade brasileira. Com um mínimo de esforço, a pauta dos projetos bilaterais apresenta possibilidade de substanciais incrementos, mas todos exigem acumulações de esforços que poderiam ser estimulados por frequentes visitas no nível mais elevado, mesmo considerando as limitações que necessitam ser superadas.