O Japão Tem Uma Economia Diferente dos Demais
27 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: notícia no The Japan Times, presidente do Keidanren que reúne as grandes empresas pede aumento de salários para os empregados, uma tentativa de sair da depressão e da deflação.
O usual em qualquer economia é que os sindicatos dos empregados procurem obter dos empresários o maior aumento de salários possível. No Japão atual, são os empresários representados pelo Keidanren – Federação das Organizações Econômicas que pedem às empresas aumentos mais generosos dos salários, para aumentar a demanda local.
Sadayuki Sakakibara, presidente do Keidanren, numa foto publicada pelo The Japan Times, pede às empresas que deem um aumento mais arrojado de salários para os funcionários
É sabido que a economia japonesa vem lutando junto com o governo Shinzo Abe por medidas para estimular a sua recuperação depois de duas décadas de baixo crescimento e deflação. Ainda que a Abeconomics, política monetária comandada pelo Bank of Japan, venha estimulando a concessão de créditos e aumento dos meios de pagamento, o máximo obtido foi a desvalorização do yen e um aumento dos impostos, que provocou uma momentânea elevação da inflação. O aumento dos turistas estrangeiros, principalmente chineses, vem ajudando o crescimento das vendas locais, pois a redução e o envelhecimento da população japonesa não estimula o aumento das demandas locais.
O Keidanren – Federação das Organizações Econômicas, representante dos empresários e onde a presidente Dilma Rousseff deve fazer um pronunciamento nos primeiros dias do mês de dezembro próximo, está apelando para as empresas serem ousadas nos aumentos dos salários, nas negociações que efetuam anualmente com os sindicatos dos empregados, conhecido como shunto. O objetivo é a ativação da economia para chegar, no mínimo, a um crescimento nominal de 3% ao ano. A meta é perseguir uma inflação de 2% ao ano, quando ainda se encontra em deflação, ou seja, queda contínua de preços.
No Japão, os sindicatos são organizados por empresas e os empregados conhecem a situação em que elas se encontram. Com a desvalorização do yen, esperam o aumento das exportações, mas como o mundo não se encontra muito otimista, principalmente com uma redução do crescimento na China, isto ainda não está se verificando.
O que vem se registrando é um substancial aumento dos turistas estrangeiros, principalmente dos chineses, que estão comprando muito no Japão, mas não o suficiente para neutralizar a retração da demanda local, decorrente da redução de sua população e seu envelhecimento.
De qualquer forma, é uma tentativa com o apoio do governo e os empregados também admitem que o desemprego no Japão é muito baixo, tendo dificuldade para admitir imigrantes estrangeiros. As mulheres estão se empregando em maior número, mesmo tendo afazeres domésticos, inclusive o cuidado com as crianças em períodos escolares. As empresas estão aumentando as facilidades que não existiam em grande número no país, como as creches para acomodar temporariamente as crianças.
O uso da robótica também está se acelerando para cuidar de muitos serviços repetitivos, sendo até aplicados na medicina com o aumento das precisões nas cirurgias. Um conjunto de medidas visa aumentar os recursos humanos necessários na economia.