Confiança da Indústria Brasileira na Economia
28 de dezembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: dados expressivos sobre a evolução da economia brasileira, ligeiras melhoras com oscilações., o índice de confiança da indústria da FGV | 2 Comentários »
O jornal Valor Econômico divulga que houve uma ligeira melhora na confiança da indústria em dezembro, segundo o índice divulgado pela FGV – Fundação Getúlio Vargas.
A indústria brasileira passa em 2015 por um dos seus períodos mais dramáticos, notadamente na automobilística, mas aparecem os primeiros sinais tímidos de superação de sua queda
O ICI – índice de confiança da indústria em dezembro fechou em ligeira alta, um aumento de 1,1 ponto com relação a novembro. Em outubro último, já tinha subido 3,1 pontos, mas voltou a cair 1,4 ponto em novembro, indicando a falta de uma tendência clara de recuperação. Quando comparado com o mesmo período de 2014, o indicador acumula uma retração de 10,7 pontos.
O comportamento de dezembro foi influenciado pela alta de 1,9 ponto do IE – Índice de Expectativas e de 0,4 ponto no Índice da Situação Atual, todos da FGV. Segundo a coordenadora da Sondagem da Indústria, Tabi Thuler, “a alta do ICI traz boas notícias como o movimento no sentido de normalização dos estoques e alguma melhora das expectativas. Porém, como os indicadores da pesquisa visitaram seus mínimos históricos ao longo do segundo semestre, e a alta é tímida, há que se esperar por novos avanços para se confirmar uma mudança da trajetória”.
O indicador que mede a expectativa em relação ao emprego foi o que mais contribuiu para a melhoria do IE em dezembro, passando de 77,5 para 80,9 pontos. Os itens que captam a projeção para a produção e situação dos negócios também subiram em dezembro, segundo o artigo do Valor Econômico.
No indicador da situação presente, o nível dos estoques foi o único com evolução favorável, ao diminuir a proporção de empresas com estoques excessivos e aumentar a parcela de empresas com estoques insuficientes.
Não são dados entusiasmantes, mas indicações que o ponto máximo de queda pode ser sido superado.
Quem acha que 2015 foi o ponto máximo da queda, o ano de 2016 não será das melhores: ano quem vem promete ser ainda pior.
O mercado está muito pessimista sobre o futuro da economia brasileira. Prova disso, é que o Banco Central divulgou a expectativa de mais inflação e forte retração da economia brasileira em 2016. Outro ponto alarmante é a alta do dólar, que já chegou a bater o valor de R$3,95, e deve continuar subindo no próximo ano.
O cenário econômico deve afetar os preços pagos por serviços básicos, como telefonia, água, energia, combustíveis, etc. O ano de 2016 deve apresentar ainda perda do ganho real dos salários, novos impostos e preços elevados de produtos básicos, como alimentos e bebidas, por exemplo.
O governo brasileiro anunciou cortes no Orçamento de 2016. As mudanças incluem a suspensão de concursos públicos, corte em investimentos em saúde, redução dos investimentos em programas sociais e congelamento de reajuste para servidores. Com isso, o governo espera economizar cerca de R$ 26 bilhões.
Outra discussão política é a volta da CPMF, o imposto sobre movimentações financeiras. Dessa forma, os economistas esperam que a inflação tenha uma alta de 5,51% no Brasil.
Segundo a palavras da própria presidente Dilma Rousseff, não há como garantir que a situação brasileira em 2016 seja positiva. A presidente disse acreditar que o próximo ano será de dificuldades, mas o governo está tentando conter a crise econômica.
O ano que vem deve ser de grande desvalorização do real, e quem sentirá mais esse cenário negativo são os mais pobres e a classe média. Enfim, 2016 não deve ser um ano fácil e promissor para o Brasil.
Cara Marcia,
Nós economistas temos errado muito nas nossas projeções, haja visto o que estava previsto para 2015. Todas as suas ponderações são plausíveis, mas como V. mesmo reconhece o corte mais violento está sendo feito pelo câmbio, que provoca um corte real do salário como V. sabe. Um dos maiores males que vinha sendo cometido é gastar mais do que produzimos, e o efeito do câmbio é muito forte. Algumas exportações começam a ser cogitadas, as importações caíram como os gastos de turistas no exterior. As dificuldades que os ajustes que precisam ser feitos são mais fortes do que o governo admite e o Congresso está disposto a aceitar. Também ainda existem os que imaginam realidades rosadas quando tempos custos de previdência impossíveis de serem arcados. O que V. deve saber é a importância das expectativas. Se o governo se dispuser a enviar ao Congresso algumas reformas relevantes, pode ser que o quadro se modifique. 2016 ainda vai depender do que formos capazes de fazer e são cortes dolorosos.
Paulo Yokota