Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Incríveis Mudanças das Indústrias na Ásia

7 de dezembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as localizações das indústrias dependem dos salários reais, desvalorização de 40% no câmbio., empresas japonesas mudando da China para o Japão e Sudeste Asiático

Os ajustamentos que estão ocorrendo na Ásia são dramáticos, com indústrias japonesas e outras estrangeiras reduzindo suas atividades na China, para ampliarem no próprio Japão ou no Sudeste Asiático.

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Um gráfico publicado no site do Nikkei Asian Review mostrando a redução dos investimentos industriais estrangeiros na China, que já vem ocorrendo há algum tempo

Como os salários em dólares dos chineses continuam se elevando enquanto os dos japoneses estão caindo, em grande parte pela desvalorização cambial do Japão e a valorização chinesa, muitas empresas japonesas industriais instaladas na China estão revendo suas estratégias. Algumas estão ampliando suas atividades no próprio Japão e outras no Sudeste Asiático, em países como o Vietnã, onde os salários ainda são baixos.

A Kobe Steel, por exemplo, resolveu adiar a capacidade de produção de alumínio na China, decidindo ampliá-la nos Estados Unidos. A Tsugami, fabricante de tornos, reduziu para menos da metade a sua produção chinesa, quando tem capacidade para muito mais. Além da demanda que está caindo na China, os custos trabalhistas estão provocando estas mudanças.

As empresas de confecções japonesas também estão reduzindo suas produções na China de forma significativa. Algumas empresas como a Daikin, de ar-condicionado, está reduzindo na China e aumentando no Japão. Também este fenômeno está ocorrendo com indústrias de eletrônicos, que voltam a aumentar a produção no Japão.

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Gráfico mostrando os salários em dólares, na China e no Japão, que está no artigo publicado no Nikkei Asian Review

Os custos trabalhistas continuam aumentando em dólares cerca de 10% ao ano na China, e são ainda mais baixos dos que os japoneses, mas são de recursos humanos que se diferenciam. As estimativas estão sendo feitas pela SMBC Nikko Securities, que no Japão era o triplo do chinês em 1995. Mas, nos últimos anos, como em 2013 e 2014, na China já são superiores do que no Japão. Para os produtos de alto valor agregado já existe competitividade no Japão.

Quando as mudanças ocorrem via câmbio nem sempre são perceptíveis, mas os analistas acham que esta tendência vai se manter por algum tempo, dificultando os problemas da economia chinesa, se não efetuarem as correções cambiais. Este é um problema que serve de lição para o Brasil, onde as demais mudanças continuam difíceis.