Izabella Teixeira Reconhecida Como Mediadora em Paris
12 de dezembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: avanços indispensáveis., importância da diplomacia, papel das mediadoras nas negociações complexas, tradição dos conhecimentos
A CoP 21 é um evento que não pode mais fracassar. Como colocou o secretário geral da ONU Ban Ki-Moon, não existe o plano B. Negociar com quase duas centenas de países que possuem suas limitações, principalmente políticas, como os Estados Unidos exige um conjunto de qualidades difíceis de serem encontradas numa só pessoa. Izabella Teixeira (foto) tem a consciência que os diplomatas possuem mais do que ela habilidades para conseguir milagres nas negociações, mas tem uma longa tradição destas reuniões sobre problemas ambientais. O Brasil foi recomendado por Barack Obama como indispensável para estas mediações pelo conjunto de suas qualificações, não se restringindo somente por controlar a maior parte da Amazônia.
Tive a oportunidade de participar de alguns eventos internacionais, mas eles não apresentavam a complexidade deste COP 21, que está terminando em Paris. Apesar da dramaticidade da situação climática no mundo, existem pontos de vistas diferentes de muitos países, além das restrições políticas para que as nações mais poluentes como os Estados Unidos e a China assumam suas responsabilidades, notadamente no custeio de arrojados projetos que permitam soluções razoáveis, embora insuficientes.
O site de O Globo publica um artigo sobre o evento, de autoria de Vivian Oswald, sendo natural que destaque uma brasileira, mas este reconhecimento também vem de personalidades de outros países importantes, pois nestas negociações acabam ficando conhecidas as pessoas com tradição de muitos eventos e seus trabalhos. Ela já vem atuando como especialista desde sua carreira no IBAMA, onde atua há 30 anos, e se tornou ministra do Meio Ambiente sucedendo o petista Carlos Minc, mesmo não tenha nenhuma vinculação partidária.
Como os participantes destas reuniões internacionais contam com muitos especialistas atuantes há anos, eles acabam reconhecendo quem procura adicionar algumas contribuições acumuladas ao longo do tempo, acomodando quando é necessário. Apesar de uma posição firme que mantém, Izabella é reconhecida pela sua qualidade de não pretender entender de tudo, admitindo que os diplomatas do Itamaraty possuem habilidades melhores para acomodar posições muitas vezes até antagônicas. Nestas reuniões atuais de Paris, atuou junto com o ex-ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.
Ninguém pode esperar milagres deste COP 21, mas é preciso admitir que muitos avanços estão ocorrendo, até com a participação do setor privado, independendo dos governos fortemente contaminados pelas razões políticas. Muitos projetos isolados também demonstram as possibilidades de contribuições, e os melhores podem ser imitados por muitos países.
Os cientistas entendem que os avanços são insuficientes, mas é melhor isso do que ficar estagnado vendo calamidades se repetindo. A cultura para pensar num prazo mais longo parece que está se consolidando, mesmo existindo muitos que desejam deixar as responsabilidades para o futuro, quando não serão eles a executar mudanças de prioridades que sempre afetam alguns.
Nas negociações envolvendo muitos países, se possível de forma obrigatória, as formas que permitem acomodações precisam ser criativas, não se afastando dos objetivos bem definidos. Continuarão existindo dúvidas sobre as responsabilidades pelo que está acontecendo, mas mudanças da matriz energética, por exemplo, já são realidades que estão sendo alcançadas.
Todos estão vendo que os usos de combustíveis mais poluentes estão com os dias contados, e formas competitivas e não poluentes como a energia solar e eólica tendem a aumentar a sua importância. Também medidas para a redução da poluição do uso do carvão mineral ou do petróleo mostram que avanços importantes estão sendo obtidos, apesar da incredulidade de muitos radicais.