Levantamento do Globo Sobre o Impeachment
4 de dezembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: erros do governo., levantamento do Globo com as lideranças partidárias, situação atual num quadro instável
Num artigo publicado por Chico Gois, Isabel Braga e Letícia Fernandes no site de O Globo, informa-se que, num levantamento efetuado na Câmara dos Deputados junto às lideranças partidárias, Dilma Rousseff contaria com uma confortável margem para evitar o seu impeachment.
Presidente Dilma Rousseff
Todos sabem que a situação política no Brasil é muito fluida e qualquer acontecimento pode alterar o quadro, pois ela é dinâmica e lamentavelmente muitos erros estão sendo cometidos quer pela oposição como pelos que procuram ajudar o governo. Hoje, Dilma Rousseff teria o respaldo para se manter no cargo de 258 deputados federais dos 513 no total, contando com 86 a mais dos 172, que seria o terço indispensável. Estão agrupados em 17 partidos, mas que não possuem comandos sobre seus membros.
É evidente que o levantamento efetuado pelo O Globo junto às lideranças partidárias envolve as suas percepções atuais, mas sempre existem deputados que não expressam suas opiniões, que podem ser alteradas pelos acontecimentos. Muitas lideranças, quer de alguns movimentos sociais que tendem a suportar Dilma Rousseff como das politicamente desorganizadas entidades que vem promovendo manifestações públicas, tentando galvanizar as opiniões da população contrárias às suas posições, procuram realizar eventos que reflitam seus pontos de vista, visando divulgações na imprensa.
Todos entendem que os parlamentares procuram refletir o que pensam que a população imagina, mas deve-se reconhecer que, na democracia representativa do Brasil, nem sempre isto acontece, ainda que a transparência esteja ajudando neste ajustamento. Os analistas mais experientes reconhecem que a dinâmica dos atuais acontecimentos pode ser alterada por alguns acontecimentos que consigam um especial destaque, ainda que muitos deputados se orientem pelos seus interesses pessoais.
O confuso plenário da Câmara Federal que não tem assento para todos e não se sabe quem são os oposicionistas e os situacionistas
Fica se com a impressão que o foco dos problemas ainda não ficou claro e nos primeiros lances políticos o governo tentou a polarização da posição da Dilma Rousseff com Eduardo Cunha. Mas políticos experientes, como o vice-presidente Michel Temer que pode herdar a Presidência no caso de impeachment da presidente, vem recomendando a ela que a discussão se prenda aos aspectos institucionais. Até agora, os partidários de ambos os lados parecem cometer muitos erros.
Ainda haverá um longo processo e os partidários da Dilma Rousseff procuram abreviar as decisões, enquanto os oposicionistas desejam que manifestações públicas tenham tempo para gerar os seus efeitos sobre os parlamentares, o que exigiria muitos meses.
A primeira etapa do processo será a constituição de uma comissão especial de 65 membros na Câmara dos Deputados, que examinará o assunto e, segundo o Estadão, será constituído proporcionalmente pelas representações dos partidos, que estão muito pulverizados.
Gráfico publicado no Estadão informando sobre a constituição da Comissão Especial na Câmara dos Deputados, com representação proporcional dos partidos
Uma discussão preliminar é sobre o prosseguimento dos trabalhos durante o recesso parlamentar de fim e começo do ano, que depende dos dirigentes do Congresso. Os partidários da Dilma Rousseff desejam que tal recesso fique reduzido ao mínimo, enquanto os oposicionistas desejam o tempo normal, para manifestações públicas se realizarem nos próximos meses.
Há, portanto, muitos assuntos que precisam ser resolvidos e não entram no mérito do impeachment, podendo levar a questão até o segundo semestre de 2016. Enquanto isto, a economia brasileira tende a ficar estagnada, diante das incertezas com relação ao futuro.