Preocupações Com as Bananas no Mundo

6 de dezembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: acontecimentos com outros produtos, exageros nos defensivos, necessidade de produções em pequena escala., uma praga sem possibilidade de controle | 2 Comentários »

Quando alguém afirma que as bananas exportadas em todo o mundo podem desaparecer, pode ser entendido por muitos como um exagero. Mas já aconteceram com produções como de batata e uva, que acabaram encontrando formas de superar estas dificuldades. A United Fruit, uma multinacional importante na comercialização da banana, acabou transferindo suas produções para a América Latina.

A banana possivelmente é uma das frutas mais comercializadas no mundo, sendo encontradas em qualquer supermercado nos Estados Unidos, na Europa ou no Japão, de formas semelhantes, sendo resistentes e com pouco sabor para os brasileiros.

Um artigo publicado por Robert A. Ferdman no site do The Washington Post informa que o risco de extinção pode ocorrer com a variedade básica chamada Cavendish. Ela representa 99% das exportadas em todo o mundo. Já aconteceu no passado, em meados de 1900, quando a variedade que antecedeu a atual, chamada Gros Michel, desapareceu totalmente.

Algo semelhante aconteceu com a batata Blight irlandesa em torno de 1800. Todos sabem que a batata levada da América do Sul para a Europa salvou o problema da fome daquele continente. Também aconteceu com a uva na Europa, substituída por uma espécie existente no Chile, protegida das pragas pelos Andes. Portanto, estes problemas existem, e muitos não sabem que as bananas consumidas no Brasil estão entre os produtos com a maior carga de agrotóxicos, que chegam a afetar os calçados usados pelos trabalhadores nas suas plantações.

O autor se baseia num estudo recente publicado na revista científica PLos Pathogens. Ele confirma que bananeiras em várias partes do mundo estão sofrendo da mesma praga, a Corrida Tropical 4, a mais potente mutação do Panamá Disease, muito temida, que procura se evitar com cargas violentas de agrotóxicos, inclusive lançadas por aviões agrícolas.

A praga começou há 50 anos na Ásia e se espalhou mais recentemente pela África, Oriente Médio e Austrália. São se sabe quando atingirá a América Latina, mas é uma questão somente de tempo. Isto decorre da forma que se produz a banana.

Elas são plantadas umas próximas das outras, e todas são clones de uma mesma variedade básica, a chamada Cavendish. Empresas multinacionais como a Chiquita e a Dole as produzem em grandes quantidades, evitando imperfeições e são duráveis. Esta uniformidade acaba tornando-as vulneráveis às pragas.

Plantações brasileiras de banana com pulverizações aéreas de agrotóxicos

As bananas orgânicas consumidas no Brasil são plantadas em pequena escala, normalmente em sítios ou junto com outros produtos, e, apesar de menos duráveis, acabam sendo mais convenientes para a saúde, por não conterem agrotóxicos. Na praga anterior que atingiu a Gros Michel, apesar da mudança da sua produção para a América Latina, seguiu pela Costa Rica, Panamá, Guatemala, Colômbia e Equador. Em 1960, tinha acabado com a sua plantação. A variedade Cavendish era mais resistente a esta praga.

Estes processos são demorados, e no Brasil existem também outras variedades produzidas comercialmente. Mas convém que as pesquisas sejam intensificadas, pois seu consumo é importante para os brasileiros, havendo possibilidade de muitas formas de sua produção nas diversas regiões do país.