Reajustamentos Salariais no Japão

4 de dezembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: número ínfimo para os brasileiros, reajustamentos salariais ainda que haja deflação, sinais do início de uma recuperação modesta.

Quando os brasileiros tomam conhecimento de dados japoneses ficam perplexos, pois estão acostumados com inflações acentuadas. Mas, na economia japonesa, que luta para sair da deflação, estes índices dão os primeiros sinais que os resultados perseguidos pela política estão sendo alcançados, de forma ainda modesta.

Recrutamentos coletivos de novos funcionários diplomados nas grandes empresas japonesas

Na economia japonesa, existem muitos fatos que diferem de outras no mundo e as diferenças acabam ficando difíceis de serem compreendidas pelos brasileiros. Existem muitos funcionários de carreira, mesmo nas empresas privadas ainda que estejam diminuindo ligeiramente. Enfrentando uma longa deflação que não facilita o crescimento de sua econômica, pois há uma diminuição da população e aumento de idosos, os dados fundamentais acabam sendo muito diferentes, principalmente dos países emergentes.

A notícia publicada no jornal Japan Today precisa ser qualificada para ser compreensível para os brasileiros. Informa que os salários mensais médios dos empregados nas empresas privadas acusaram um aumento de 1,9% em 2015, segundo uma pesquisa feita pelo Ministério de Saúde, Trabalho e Bem-estar, com dados fornecidos por 1.661 empresas. Isto é comemorado como um início do sucesso da Abeconomics, a denominação da política adotada pelo governo para estimular os aumentos salariais visando a expansão do mercado interno.

A indústria da construção civil teria um aumento de 2,2% em 2015, o mesmo do setor imobiliário. O setor financeiro e de seguros teve um aumento de 2,1%. É preciso esclarecer que existe uma onda de investimentos no setor de construção visando as Olimpíadas de 2020, com muitos hotéis ampliando suas instalações, como os investimentos no setor imobiliário estão substituindo velhos edifícios (cerca de 20 anos) por novos e modernos.

Novas construções japonesas demandam recursos humanos especializados, pelas tecnologias que utilizam

Há uma carência relativa de recursos humanos para estas atividades, pois o Japão não facilita a entrada de trabalhadores estrangeiros, mesmo sendo nikkeis que aceitem trabalhar nestas construções bastante mecanizadas, utilizando muitos componentes pré-fabricados, com tecnologias para evitar danos com os terremotos, e economizem energia e água.

Poucos engenheiros e muitos trabalhadores de formações mais modestas se interessam por estes setores onde os esforços físicos são indispensáveis. Esta carência relativa de recursos humanos facilitam estes modestos aumentos salariais, o que acaba acontecendo também na elaboração da infraestrutura.

Muitos estrangeiros que dominam o idioma local e contam com qualificações para atender os idosos acabam ganhando vantagens quando comparados com estes empregados de grandes empresas. Costumam contar com acomodação e alimentação nas residências, que são custos relativamente elevados no Japão. Destacam-se hoje as filipinas e as indonésias nestas tarefas, mas também algumas nikkeis latino-americanas.

Atendimento dos idosos proporcionam bons salários e outras vantagens como acomodação e alimentação

Intensificam os usos de robôs para tais tarefas, mas sempre existem os que desejam calor humano nestes atendimentos.