Culinária Japonesa de Ano Novo
22 de janeiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: a sopa zoni no Japão, artigo no Asahi Shimbun, diferenças regionais
Muitos países possuem culinárias especiais para as passagens do ano e no Japão a sopa conhecida como zoni apresenta diferenças regionais nos seus ingredientes.
Foto do Zoni, constante do artigo do Asahi Shimbun
Na região de Tóquio e Osaka, no Japão, a sopa zoni, que aprendi a chamar respeitavelmente como “ozoni”, é obrigatória no Ano Novo e ajuda a unir a família. Com influências budista e xintoísta, seus molhos são suaves e seus ingredientes variam por região daquele país e o jornal Asahi Shimbun utilizou a experiência de Ayao Okumura, especialista em culinária ancestral.
Ela explica que o moti, bolinho de arroz, é essencial no zoni, sendo que em Osaka ele é redondo, simbolizando a harmonia, enquanto em Tóquio é quadrado, levemente grelhado que provoca um pequeno inchaço deixando suas bordas bem arredondadas como desejando boa sorte. Apreciado em família, visa uma casa pacífica para o Ano Novo.
Na minha casa, minha mãe preparava o molho com kombu, uma alga, e o shitake seco, um cogumelo, utilizando também as lascas de bonito, um peixe seco. Além do moti obrigatório, utilizam-se outros poucos ingredientes disponíveis regionalmente, para dar um colorido interessante.
Hoje, quem prepara o zoni sou eu e utilizo também o daikon, o nabo japonês, e a cenoura, que pode ser em fatias aparentando uma flor, utilizando uma forma para tanto. Utiliza-se também o inhame e também alguns usam um tofu mais firme. Outros acrescentam folhas verdes, pouco sal, pouquíssimo molho de soja, e há os que acrescentam um pouco de saquê. Um pouco de casca de yuzu, o limão japonês, acaba dando um toque. Tudo deve resultar num sabor delicado.
No Japão, recomenda-se que tais motis sejam apreciados com cuidado, pois todo ano alguns mais apressados acabam até morrendo engasgados, pois grelhado ou aquecido acabam ficando macios e grudentos, chegando a ficar engasgados na garganta.
Para que o rito de passagem de ano fique completo, na última noite há os que consomem uma sopa de macarrão de sobá, o trigo sarraceno. Diz a lenda que os que não apreciam estes dois pratos não mudam de ano.
A data é também festiva, pois no antigo sistema japonês as idades das pessoas eram determinadas pelos anos em que nasciam, como se a passagem do ano fosse o aniversário de todos. Era uma medida prática, pois não havia necessidade das datas de aniversário nem troca de presentes, pois a data servia para todos.