Editorial do Valor Econômico Sobre Fórum de Davos
22 de janeiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: mudanças com a Quarta Revolução Industrial, pessimismo dos 1.409 CEOs pesquisados, problemas para países como o Brasil.
O Fórum de Davos está apresentando duas recomendações para os países emergentes em particular. A primeira foi uma pesquisa efetuada pela Pwd com CEOs informando que a confiança deles sobre a economia mundial está menor do que os níveis dos últimos três anos. A segunda foi o início da Quarta Revolução Industrial que alguns países emergentes, como o Brasil, terão dificuldades para acompanhar.
A primeira é de natureza conjuntural, informando que países emergentes, como o Brasil, devem estar preparados para alguns anos difíceis, pois os mercados internacionais para matérias-primas minerais e produtos agropecuários podem estar desfavoráveis, com seus preços em níveis baixos. Os períodos em que suas exportações foram beneficiadas, tanto em quantidade como em preços, são coisas do passado, devendo se esperar alguns anos difíceis, com possibilidade até de desaceleração de países que já estavam se recuperando, como os Estados Unidos, e onde a China continua desempenhando um papel importante.
A segunda está sendo denominada Quarta Revolução Industrial e foi apresentada por Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum. Sua definição é complexa e ainda não está totalmente clara, mas envolve mudanças estruturais. Ocorreria uma “fusão de tecnologias, borrando as linhas divisórias entre as esferas físicas, digitais e biológicas”. Estes avanços, como constam do editorial, vão da robótica à nano e biotecnologia, da inteligência artificial à computação quântica, do Big Data aos veículos autônomos e novos materiais.
Na realidade, por forte influência norte-americana, houve uma especialização exagerada e agora a tendência deverá ser a de integrações dos conhecimentos como ocorre na realidade. Muitas atividades contarão simultaneamente com a mistura de conhecimentos humanos de diversas áreas, que no conjunto deverão proporcionar eficiências mais elevadas para atingir objetivos não somente econômicos, mas políticos, sociais, de preservação da sustentabilidade e atendimento das novas demandas humanas.
A colocação atual ainda não dá a devida importância para a história, a política como forma de comunicação entre os homens de diferentes formações e convicções. Haverá necessidade de convivência de povos com valores diferentes no mundo limitado em que todos vivemos. Muito do que está sendo colocado, em minha opinião, são somente instrumentos para se atingir o que a humanidade deseja para o futuro.
A educação dos jovens terá que ser mais humanística, pois, mais do que a valorização do domínio das técnicas, haverá uma maior prioridade para os que tiverem conhecimentos amplos das formas de comportamento de grupos e povos dentro de um mundo crescentemente globalizado, onde todos terão que ser atendidos nas suas necessidades mínimas que estarão se elevando.
Mas teremos que ter a consciência que estamos lidando com seres humanos que não são totalmente racionais, com seus defeitos e limitações, havendo comportamentos que devem ser impostos democraticamente pela grande maioria.