Investimentos de Estrangeiros no Brasil
7 de janeiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: ajuda do câmbio., os ativos no Brasil estão baratos com a crise, os problemas do setor público., soluções para alguns empreendimentos que necessitam de investidores
Entre os investimentos que estão sendo feitos no Brasil por grupos estrangeiros, destaca-se o da chinesa Three Gorges, controladora da maior hidroelétrica do mundo na China, que assumiu o complexo de Urubupungá. São nada menos que R$ 13,8 bilhões que aliviam as contas do governo.
Urubupungá compreende as usinas de Jupiá e Ilha Solteira no rio Paraná
Até a construção de Itaipu, o complexo de Urubupungá era o mais importante do Brasil, fazendo parte da Bacia do Paraná Uruguai, planejado para o melhor aproveitamento das águas do Centro Sul brasileiro. Foram construídos próximos, aproveitando as águas do Paraná, adicionando-se um canal desviando as águas do Rio Tietê que acrescentaria as suas com as do montante do rio Grande, que divide o Estado de São Paulo com Minas Gerais.
Como é sabido, para o máximo aproveitamento das águas, as barragens começaram a ser construídas no montante do diversos rios que formavam a Bacia, e todas as usinas foram construídas com sistemas de eclusas para o transporte fluvial. O que se visava não era somente a produção de energia elétrica, mas também as irrigações, turismo, criação de peixes e todos os demais benéficos que poderiam ser proporcionados pelas águas. Eram épocas quando se pensava o desenvolvimento brasileiro com um horizonte de prazo mais longo.
Para maior eficiência, as companhias elétricas foram unificadas na CESP – Centrais Elétricas do Estado de São Paulo, quando antes havia uma para cada rio afluente do Paraná, como Paranapanema, Tietê e outros. Tratava-se de tecnologias de ponta para a época na engenharia de grandes estruturas.
A concessão atual foi renovada por mais 30 anos e como não havia grupos brasileiros interessados, a Three Gorges chinesa acabou ganhando a licitação, e informa-se que ela continuará investindo no Brasil em energia limpa. Também o câmbio agora desvalorizado ajuda para que os grupos estrangeiros se tornem mais competitivos por contarem com reservas de moedas fortes. O assunto foi abordado num artigo de Rafael Bitencourt, publicado no Valor Econômico.
Outro artigo de Thais Carrança, também publicado no Valor Econômico, informa que a irlandesa Smurfit Kappa está entrando no Brasil visando tornar-se o segundo grupo de produção de embalagens, comprando a Inpa – Indústria de Embalagens Santana e a Paema Embalagens por R$ 805 milhões. A primeira continua sendo a Klabin. Enquanto os empresários brasileiros se sentem desanimados, certamente o câmbio e a perspectiva de prazo mais longo de recuperação da economia anima estes grupos, no que são fortemente ajudados pelo câmbio. Este é só um exemplo, que também se repete em outros setores.
Para a economia brasileira, isto acaba se tornando interessante, pois estes grupos costumam trazer também novas tecnologias, com suas experiências internacionais. Portanto, mesmo na atual crise que extravasa a área econômica, entrando pelo campo político, ainda que assuste a muitos empresários, quando o horizonte é de prazo mais longo, há quem acredite na potencialidade de economias emergentes como o do Brasil.
Informa-se que em 2015 os fluxos de investimentos estrangeiros superaram em US$ 9,4 bilhões as remessas que foram feitas para o exterior.