Um Carnaval Como Antigamente
26 de janeiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: multiplicação de blocos, redução dos patrocínios para grandes desfiles, uma participação mais ampla.
Evidentemente, houve uma distorção do Carnaval brasileiro que estava concentrado nos grandes desfiles das escolas de samba, que eram mais espetáculos para serem assistidos. Com a redução dos patrocínios, volta-se a multiplicar os blocos que parecem refletir mais as alegrias espontâneas.
Blocos de carnaval em São Paulo neste ano
A redução dos patrocínios para os grandes desfiles das escolas de samba no Brasil parece que está provocando uma volta para a alegria espontânea do passado, com a multiplicação dos blocos que reúnem mais amigos tradicionais paras as brincadeiras. Os desfiles acabam sendo distorcidos com grandes espetáculos, custosos, onde a participação popular era somente assisti-los, torcendo pelas escolas de sua preferência.
Sempre existiram blocos, mas estavam reduzidos em sua importância, havendo os tradicionais como os do Rio de Janeiro. Poucos eram de São Paulo, mas agora eles ganham maior destaque, concentrando-se em alguns bairros como a Vila Madalena. Contam com adesões, mas são organizados a partir de pequenos grupos conhecidos, e não existe ainda a tradição de vendas de camisetas que identificam seus participantes, como em Salvador, na Bahia.
Cada participante destas folias tem a sua preferência, dando marcas locais que já se tornaram tradicionais, como as de Olinda que apresentam figuras de grandes dimensões. O que parece ser mais interessante é a espontaneidade da alegria dos participantes, que torna mais autêntica esta festa popular que destaca o Brasil entre os demais países.
É claro que para a divulgação do país, notadamente no exterior, os desfiles são importantes, mas os exageros de custosos espetáculos não condizem com a pobreza do Brasil, que passa por uma das crises mais agudas do ponto de vista econômico.
Os grandes desfiles das escolas de samba em 2015
Com os orçamentos mais apertados, as escolas de samba necessitarão contar com maior criatividade, com fantasias menos custosas bem como carros alegóricos que apresentam suntuosidade, mas com materiais mais em conta. Espera-se que o samba no pé volte a ter a importância do passado, retornando para o Carnaval mais autêntico.
Ninguém pode ser contra o grande espetáculo, mas algumas distorções faziam com que muitas escolas fossem controladas por organizações duvidosas, não havendo transparência nos recursos utilizados, até com exageros nas tecnologias. Espera-se a volta dos verdadeiros sambistas com a redução das estrelas que procuram aparecer para o público, mas vivendo de outras atividades.
Que o carnaval seja dos morros, populares, com bons sambas, autênticos, pois a criatividade brasileira é sempre aguardada com grande anseio.