A Coluna de Janio de Freitas na Folha de S.Paulo
15 de fevereiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: a preservação da legalidade, coragem de ir contra a orientação majoritária, exageros que devem ser evitados, justificativas com as sobrecargas de trabalho.
Nem sempre concordo com os respeitáveis pontos de vistas do jornalista Janio de Freitas, mas mesmo assim acompanho-o na sua coluna no jornal Folha de S.Paulo e devemos considerar a felicidade de suas considerações na que leva o título de “Em defesa do rigor”.
Janio de Freitas, colunista da Folha de S.Paulo
Ainda que o processo conhecido como Lava a Jato receba um forte suporte popular e muitos importantes problemas brasileiros estejam sendo aperfeiçoados no seu trato, na dimensão de sua escala é natural que existam algumas irregularidades compreensíveis. Mas para aqueles que pretendem ser os inovadores dos usos e costumes no Brasil, parece conveniente que haja um mínimo de humildade para admitir que sempre existem pontos de vistas diversos, até para a defesa dos seus potenciais envolvidos, ainda não julgados em instância final, e onde predominam procedimentos considerados sigilosos, mas vazados criminosamente para a imprensa.
O articulista aponta um excesso de menosprezo de alguns setores diretamente envolvidos, como se tratassem não de seres humanos sujeitos a erros naturais, mas dotados de qualificações que beiram o sobrenatural. Para os leigos, parece haver um exagero de concentração de poderes em poucas mãos, sem que haja claras decisões coletivas para minimizar possibilidades de erros.
Os que aparentam estar dotados com qualificações especiais, como se fossem deuses, acabam incorrendo em acumulações de falhas que acabam comprometendo as melhores intenções. Alguns princípios já consagrados na história da Justiça precisam ser respeitados, sem nenhum desprezo, até para evitar revisões em escalões superiores que acabem implicando em retrocessos.
Tudo aparenta haver pressões psicológicas, com longas detenções discutíveis onde parece prevalecer somente um ponto de vista, notadamente para induzirem novas delações premiadas que possam adicionar indícios de crime.
Todo o cuidado é pouco e um mínimo de humildade parece ser conveniente num processo tão complexo, até para que sejam ouvidos argumentos contrários, que possam ser comprovados que não contam com os suportes legais necessários. Até o momento, começa a parecer que se acumulam muitas irregularidades, que podem comprometer os julgamentos mais isentos e ponderados.