Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Reunião do G20 em Xangai

28 de fevereiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades de recuperação da economia mundial, evitar a desvalorização cambial competitiva, o que se pode entender da reunião do G20 em Xangai, tentativas de ações coletivas, uso de todos os instrumentos de política econômica

Do que poderia se esperar da reunião dos ministros responsáveis pela política econômica, incluindo os presidentes dos bancos centrais dos 20 países considerados mais importantes no mundo, deve se considerar que os resultados foram satisfatórios, podendo ajudar na coordenação ampla das políticas dos países relevantes que visam à recuperação da economia mundial no atual momento, que ajudaria também o Brasil.

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Foto do encerramento da reunião dos ministros das finanças e dos presidentes dos bancos centrais dos 20 países mais importantes no mundo, realizado em Xangai

Ficou claro que somente o uso da política monetária e creditícia para a recuperação da economia mundial não seria suficiente, como se vinha fazendo, exigindo-se a utilização dos instrumentos fiscais e de reformas institucionais. Seriam evitadas as desvalorizações cambiais competitivas, reconhecendo a profundidade das dificuldades mundiais.

Ainda que não tenha ficado explícito, vai se procurar aperfeiçoamentos nas regulamentações dos fluxos financeiros internacionais evitando-se que o sistema bancário continue tendo a importância que possuem, provocando violentas flutuações nos mercados cambiais como de valores. Reconheceu-se que as políticas orçamentárias, que possuem importância nas fiscais, bem como reformas institucionais precisam ser promovidas para se conseguir a recuperação da economia mundial.

O Brasil, que foi representado na reunião pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa e pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, certamente saem de Xangai reforçados nas suas posições para as decisões que devem ser tomadas no país. Sem a melhora do quadro externo, os problemas brasileiros acabam se agravando, e as resistências internas para as reformas precisam ser superadas.

Teme-se o que aconteceu paralelamente na China, quando ficou evidente que o Brasil necessita de maior apoio daquele país, pela falta de alternativas. Muitos investimentos indispensáveis, tanto na área do pré-sal como no avanço dos projetos de infraestrutura, acabarão recebendo suportes adicionais dos chineses, aumentando as restrições brasileiras para a tomada de ações contra as exportações chinesas de produtos industriais.

Informa-se também a realização de um encontro paralelo do G7, reunindo os países desenvolvidos exceto a China, sugerindo um esforço como o que ocorreu no Acordo de Plaza, quando se procurou realinhar os câmbios entre eles, acabando por prejudicar o Japão, que foi obrigado a manter um câmbio relativamente valorizado, iniciando décadas de um crescimento baixo e chegando até a deflação.

Ainda em 2016 deve haver em Xangai uma reunião de cúpula do G20 com a presença dos principais mandatários destes países, devendo caminhar para além da coordenação das políticas econômicas.