Mudanças no Carnaval Brasileiro
1 de fevereiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: mais que os desfiles das escolas de samba., mudanças na alegria dos brasileiros, o artigo do The Economist sobre Carnaval à beira do precipício, os blocos mais populares
Já se observou que os brasileiros trabalham, quando possível, mas reservam um tempo para os seus relaxamentos com alegria. O Carnaval brasileiro conhecido no mundo está mudando de características neste ano, ajustando-se às dificuldades econômicas, apesar das críticas justas do The Economist.
Blocos de carnaval na Vila Madalena, SP, segundo foto publicada no jornal Metro
O orçamento mais curto de 2016, pela redução dos patrocínios oficiais e privados para as escolas de samba, está estimulando os blocos que são mais autênticos, de custos mais baixos e representando grupos locais. Ainda que também existam os blocos de Ipanema, no Rio de Janeiro, ou dos Jardins, em São Paulo, são mais populares e recuperam os autênticos com músicas conhecidas como de Paulo Vanzolini, que lembram a Praça Clóvis ou a Avenida São João, ou de Adoniram Barbosa, que se referem ao bairro Bexiga ou à Vila Anastácio, na periferia de São Paulo. Recupera-se a autenticidade dos morros do Rio que ficaram contaminados pelos astros de televisão ou socialites com pouco samba do pé.
Se analistas da economia brasileira reconhecem que os brasileiros trabalham duro quando possível, e muitos agora estão desempregados, mas sabem manter a sua alegria de viver, no que são favorecidos pelas praias e generosidades da natureza brasileira que de uma forma ou outra permitem a sua sobrevida, mesmo com alimentações precárias.
Os desfiles das escolas de samba utilizarão materiais mais baratos para suas decorações, usando a criatividade dos seus responsáveis, para se manter dentro dos orçamentos disponíveis. A aparência não deve ser muito sacrificada, mas o público está preferindo suas manifestações nos blocos onde podem participar mais ativamente, e não somente aplaudir as suas escolas preferidas, que sempre mereceram mais as preferências das televisões.
Mas já havia outras tendências como os carnavais de Salvador e de Recife, com suas características próprias com seus astros que também continuam fazendo sucesso nas grandes metrópoles. Mas, informa-se que em São Paulo, alguns já se ofereceram a se apresentar sem honorários, na passagem do ano.
Portanto, não será por causa da grave crise econômica e política que a alegria será menor, mesmo que outros problemas estejam se acrescentando, como a disseminação do vírus da zika, onde a assistência médica é precária, bem como as inundações provocadas pelas irregularidades climáticas.
Lamentavelmente, ainda existem os que confundem o Brasil com a sua pequena elite ou até a classe média alta, esquecendo que o grosso dos brasileiros é das periferias e sua condição econômica sempre foi precária, mas ainda assim sempre participou do Carnaval.