Argumentos em Favor da Continuidade do Crescimento Chinês
26 de março de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: 5%, 5% nos próximos anos, artigo de Justin Yifu Lin no Project Syndicate, falta de um diagnóstico mais convincente, justificando a meta de crescimento de 6
Justin Yufu Lin foi vice-presidente do Banco Mundial, é professor honorário da National School of Development da Universidade de Peking e publicou um artigo no Project Syndicate sobre as razões que o convencem da China ter todas as condições de manter o crescimento de 6,5% ao ano, previsto no novo plano quinzenal.
Justin Yifu Lin
Apesar da China estar reduzindo a taxa de crescimento nos últimos anos, o novo plano quinquenal daquele país estabelece uma meta de crescimento de 6,5% ao ano, certamente elevado no mundo que atualmente aparenta um crescimento mais modesto. Ele justifica a sua crença, argumentando que o desenvolvimento ocorre com o aumento da produtividade decorrente das novações tecnológicas, que podem ser promovidas pelas pesquisas no país como adaptações das tecnologias já utilizadas em outros países. Como a China ainda está num nível de 30% do que os Estados Unidos já atingiram, ele acredita que existe amplas possibilidades de redução da diferença nos próximos anos.
Ele se apoia nos estudos comparativos efetuados por Angus Maddison, mostrando que países ocidentais sofreram uma desaceleração do crescimento econômico quando atingiram um PIB per capita de US$ 11 mil em termos de poder de paridade de compra, como alguns acreditam ser também o problema brasileiro. Mas argumenta que outros países como o Japão e Taiwan estavam com percentual mais elevado com relação aos Estados Unidos, quando a China está somente a 30%.
Ele reconhece que as exportações chinesas vieram sustentando o alto crescimento, e que hoje precisa promover reformas para depender mais do mercado interno, mas acredita que a infraestrutura, o nível de bem-estar no campo e outros problemas que possuem permitem investimentos nestas áreas com as altas poupanças chinesas e as reservas internacionais que possuem.
O que pode ser colocado em dúvida é sobre as razões que provocam a desaceleração atual do crescimento chinês. Pode ser que possuam dificuldades com os empresários, que dependiam muito do governo e terão que deixar de contar com as estatais bem como investimentos das autoridades locais. O sistema politicamente centralizado da China pode ser um obstáculo, pois na medida em que se eleva o nível de renda, a tendência é aumentar a aspiração por sistemas mais democráticos.
Os que não acreditam em determinismos geográficos ou de outra natureza podem concordar com Justin Yifu Lin que a China não está condenada a um crescimento mais baixo, mas parece conveniente que haja um claro diagnóstico sobre as razões que geram as dificuldades chinesas. Sua população também não apresenta mais uma forte tendência de crescimento, mesmo com uma política de filho único revogada. Há um forte envelhecimento da sua população, elevando os gastos de saúde e previdência, com menor número de trabalhadores em idade ativa para suportar os encargos daqueles que necessitam de assistência social.
Não se pode acreditar que a China terá condições de conter a melhoria do nível de bem-estar da sua população por muito tempo com uma política muito restritiva.