Avanços na Medicina que nos Confundem
19 de março de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: as preocupações com os muitos cânceres, conhecimentos de genoma, insuficiência das pesquisas
Dois artigos diferentes publicados na imprensa sobre o câncer mostram que, apesar dos aumentos dos conhecimentos, não se atingiu ainda uma fase em que formas operacionais de tratamento tranquilizem os que estão preocupados com estas moléstias.
Dados de 2012 sobre tipos de câncer nos homens e nas mulheres, segundo Marcelo Sobral Leite, da UFRJ
Um dos artigos é do doutor Drauzio Varella, credenciado colunista da Folha de S.Paulo. Ele refere-se à pílula da USP, que está sendo utilizada por muitos pacientes, mesmo não havendo estudos suficientes da ANVISA para autorizar o seu uso. Muitos pacientes desesperados, desenganados, estão consumindo-a, relatando avanços significativos que podem ser meramente psicológicos, mas importantes. As pesquisas necessárias são demoradas, pois o autor alerta que existem muitos tipos de câncer diferentes, mais de uma centena que têm em comum uma célula maligna, havendo somente para a mama 20 subtipos, cada um com subdivisões.
Outro é um artigo de Gina Kolata, publicado no suplemento semanal do The New York Times e reproduzido pela Folha de S.Paulo, informando que os avanços obtidos com os exames genéticos, que permitiriam tratamentos personalizados seria um grande avanço, mas até o momento só tem aumentado as muitas possibilidades de tratamento, levando médicos às dificuldades de recomendações de um determinado tipo, como a tradicional radioterapia.
No fundo, apesar dos conhecimentos estarem se ampliando, e são muitos e ainda incompletos, fazendo que o combate ao câncer, hoje uma preocupação crescente, exija cautelas, pois é custoso e mesmo registrando-se alguns casos de sucesso. O que funcionou em determinado caso não está assegurado que será eficiente em outro, dependendo de cada paciente, que normalmente está apavorado.
A esperança é a existência de muitos conhecimentos que já estão afunilados para determinados casos mais frequentes e os instrumentos médicos utilizados confinam os efeitos sobre pontos específicos. Os avanços estão ocorrendo em todo o mundo, bem como as pesquisas estão se multiplicando, com muitas experimentações em diferentes situações.
Como a situação na medicina é muito dinâmica, infelizmente ocorrem amplos problemas como os atribuídos ao zika vírus, onde os conhecimentos ainda são precários. Uma parte das pesquisas precisa ser concentradas nos problemas mais graves, exigindo das autoridades as escolhas das prioridades. Lamentavelmente, não dispomos de recursos, principalmente humanos, para tantos desafios simultâneos.