O Spotlight e a Mídia Impressa
1 de março de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: artigo na Folha de S.Paulo, mesmo com o Prêmio Pulitzer e o Oscar, o Boston Globe luta com dificuldades, situação generalizada com a lamentável superficialidade perseguida pelos leitores
Lamentavelmente, o público atual se interessa pelas noticias rápidas e superficiais, e os jornais físicos como o Boston Globe, apesar de suas premiações com o Pulitzer e agora com o Oscar para o filme, luta com dificuldades de anunciantes, como a maioria da imprensa escrita.
A capa do The Boston Globe, possivelmente quando divulgou o trabalho da equipe do Spotlight sobre os crimes dos padres
Todos sabem que a internet, apesar de suas contribuições, trouxe grandes problemas para a mídia impressa, que procura sobreviver com variadas adaptações. O The Boston Globe”, tradicional jornal impresso que existe desde 1872, luta com dificuldades para sobreviver, mesmo com os destaques que conquistou obtendo o prêmio Pulitzer e agora o Oscar com o filme retratando seu excelente trabalho.
Numa entrevista concedida ao repórter Sérgio Dávila, da Folha de S.Paulo, a jornalista Sacha Pfeiffer, que participou deste excepcional trabalho da Spotlight e compareceu à premiação do Oscar, atribui as atuais dificuldades, que considera passageira, à internet, o que vem acontecendo com muitos veículos da mídia impressa. Os leitores estão dando preferência para as notícias rápidas, ainda que suas informações sejam superficiais.
Parece que simplesmente apelar para a mudança de comportamento dos leitores não parece o meio adequado. Muitos veículos estão tentando enfrentar estas dificuldades passando a utilizar vários veículos simultaneamente, para atender às demandas diferenciadas. A adaptação não é fácil e exigirá mudanças que se processam, exigindo um tempo que não parece curto.
Lamentavelmente, principalmente os jovens parecem que preferem a velocidade e informações sintéticas, não se dispondo a leituras mais demoradas e profundas. Conciliar estes objetivos parece muito difícil, pois tratamentos mais profundos exigem trabalhos mais demorados e custosos.
O interessante é que os livros continuam tendo uma demanda, não havendo ainda informações das reduções de suas edições, ainda que estejam se tornando menos volumosos. Dificilmente consegue-se leitores para livros com milhares de páginas. Outros trabalhos culturais, como peças de teatro, concertos, óperas e balé também estão se tornando mais curtos.
A combinação da mídia impressa com a televisão, e outros instrumentos permitindo visualizações dinâmicas, parece que são mecanismos a serem explorados, exigindo criatividade para atrair os interessados, principalmente os patrocinadores. São novos desafios que certamente serão superados, exigindo criatividades que não estavam sendo consideradas. Mas certamente a imprensa escrita não desaparecerá.