tual Fase Propícia Para a Produção de Celulose no Brasil
25 de março de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: a produção de celulose a partir do eucalipto, desenvolvimento tecnológico e ajuda do câmbio, necessidade de diversificação da produção
Um artigo originalmente publicado no The Economist está reproduzido no Estadão relatando que, num ambiente econômico desfavorável no Brasil, o setor de produção de celulose se encontra numa fase brilhante, ajudado pelo desenvolvimento tecnológico como pelo novo nível cambial vigente.
Plantações de eucalipto para a produção de celulose no cerrado brasileiro
No passado, a produção de celulose no mundo era a partir dos pinheiros que necessitam de um ciclo mais longo que o eucalipto para estarem aptos à produção de celulose. As tecnologias de cultivo do eucalipto vêm se desenvolvendo no Brasil, que está num situação privilegiada no mundo, ajudado agora por uma desvalorização cambial que melhora os retornos das exportações, notadamente para a China. O que era utilizado principalmente pela indústria de papel de imprensa, hoje se amplia também na produção de papel higiênico, em expansão em muitos lugares do mundo.
Além da produção de celulose, o eucalipto também é utilizado para a produção de chapas muito utilizadas na construção civil como em embalagens. Estas atividades também se tornam mais rentáveis, tanto pela produção mais eficiente de eucalipto como pelo novo nível cambial. Comparado com outros países no mundo, o eucalipto brasileiro pode ser utilizado somente com sete anos após o plantio, cujas variedades estão cada vez mais produtivas. No caso do pinheiro, por exemplo, necessita-se até o dobro do tempo.
Mesmo que a situação destas atividades que passam por ciclos longos ainda esteja prevista para permanecer favorável, há que se pensar na sua diversificação, evitando-se a monocultura que acaba aumentando os riscos mesmo nas atividades florestais. Sabe-se que o eucalipto tende a provocar uma extração exagerada das águas do solo, dificultando o seu aproveitamento para outras finalidades, e mesmo a produção de mel acaba concentrada somente nas flores dos eucaliptos, quando o desejável seria maior diversidade de plantas.
Como nenhum cerrado é totalmente uniforme, existem áreas onde se recomendaria a preservação das matas ciliares nas margens dos rios. Há que se pensar na sustentabilidade de toda a região dos cerrados, para a manutenção de parte de suas características que contribuem para a ampla biodiversidade brasileira. Muitas áreas da região já estão sendo intensamente exploradas pelas extensas culturas de grãos, como a soja e o milho. Há que se preocupar com a preservação das condições climáticas, que dependem de longuíssimos ciclos.
As pesquisas continuam intensas e é preciso desenvolver outras variedades para propiciar outras vantagens, além da redução do prazo para a maturação, como vem ocorrendo com muitos produtos agrícolas.