Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Discussão Sobre a Pobreza no Japão

26 de abril de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: argumentos do governo Shinzo Abe, artigo no The Japan Times, o aumento das disparidades de renda, pobreza absoluta

O Japão era um dos países com uma das melhores distribuições de renda no mundo, mas durante o atual governo de Shinzo Abe parece estar piorando, com o aumento de pobres.

clip_image002

Foto constante de um artigo publicado no The Japan Times, mostrando uma senhora sem residência procurando sobreviver vendendo revistas na rua

Um artigo escrito por Tomohiro Osaki e publicado no The Japan Times apresenta pobres escondidos que estariam aumentando neste governo de Shinzo Abe, principalmente entre jovens e mães solteiras, enquanto as autoridades alegam que a distribuição de renda continua bastante boa.

Os opositores mostram o aumento da pobreza, assunto que está sendo discutido até na Câmara Alta daquele país. Citam cidadãos normais que estão passando por necessidades, como o caso de uma adolescente de 15 anos. Ela não conhece o seu pai, vivendo com sua mãe que não consegue sequer comprar os materiais escolares indispensáveis.

Segundo a oposição, um em cada seis pessoas vive agora abaixo da linha de pobreza definida pela OECD e que a situação está piorando. O professor de política social da Universidade de Keio, Atsuhiro Yamada, alega que o ministério encarregado estima a taxa de pobres relativos em 10,1%. Haveria discrepância com os dados do Gabinete do governo, em decorrência da metodologia utilizada.

O professor do Instituto de Pesquisa Econômica da Universidade de Hitotsubashi, Takashi Oshio, entende que entre os colocados como abaixo da linha de pobreza nem todos passam por dificuldades, somente aqueles bem abaixo.

Muitas mães solteiras tentam fazer face às despesas com trabalhos em tempo parcial em supermercados ou casas de jogos, mas em condições precárias e salários baixos. Os horários de trabalho são os mais inconvenientes.

Como ocorria no Brasil e em outros países emergentes, discute-se o emprego do coeficiente de Gini, nem sempre considerado adequado. A distribuição atual de renda tende a beneficiar os idosos em prejuízo dos jovens, apesar da baixa taxa de natalidade no Japão e o número reduzido de crianças. Na realidade, a assistência aos pobres naquele país parece bastante limitada, não atendendo às necessidades consideradas mínimas, que são superiores aos dos países emergentes.

Na realidade, sem o crescimento econômico como se observa no Japão há mais de duas décadas, a tendência acaba sendo de piora na distribuição dos patrimônios, mantido entre os mais privilegiados. Eles contam com mecanismos para evitar os impostos sobre as heranças, principalmente com a junção dos imóveis em nome de uma empresa, que não contaria com ganhos de capital.