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História do Hospital Santa Cruz

23 de abril de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: começou em 1926 com a criação do Dojinkai, contribuições de muitos, lançamento em 29 de abril próximo, notadamente dos nikkeis, uma história definitiva | 2 Comentários »

6_maxHá versões sucintas sobre a história do Hospital Santa Cruz e agora, com a redação de Monica Musatti Cytrynowicz e Roney Cytronowicz, com base nos subsídios oferecidos por muitos e vasta documentação disponível na instituição e fora dela, publica-se um livro que consubstancia o que se espera ser a interpretação definitiva da longa epopeia deste mais importante projeto nipo-brasileiro, que teve lances dramáticos ao longo de sua rica história. (Foto do Hospital Santa Cruz, em 1938, pouco antes da sua inauguração).

Teve início em 1926 com a criação da Sociedade Japonesa de Beneficência no Brasil, a famosa Dojinkai, que funcionou por 15 anos sob o comando dos japoneses com consultórios enquanto se tomavam as providências para a instalação do Hospital Santa Cruz. Ele foi inaugurado em 1939, com a colaboração de importantes brasileiros que tiveram um papel fundamental na sua instalação. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, sofreu intervenção do governo brasileiro em 1941, mantendo-se a administração de brasileiros e a ativa participação de muitos japoneses e seus descendentes até 1990, por quase 50 anos, com muitas dificuldades. Em 1990, mediante acordo entre as partes, o comando da instituição voltou a ser exercido por representantes da comunidade nipo-brasileira, por mais 16 anos.
Nestes 80 anos de longa e dura epopeia, o Hospital Santa Cruz constitui-se na mais importante e antiga iniciativa de colaboração nipo-brasileira, tendo exercido um papel pioneiro na construção hospitalar não somente no Brasil. Participou ativamente no combate das doenças que afetavam os brasileiros, como a tuberculose, mas também nas defesas contra moléstias que afetavam o meio rural. 
A instituição foi pioneira no combate ao câncer no Brasil, nas doenças oftalmológicas e nas cirurgias plásticas de reparações. Foi uma importante escola na preparação de famosos cirurgiões brasileiros e enfermeiras antes mesmo que instituições públicas cuidassem do assunto no país.
Os japoneses, inclusive autoridades que colaboravam com o projeto, tinham um esboço arquitetônico para o Hospital Santa Cruz, mas aceitaram com entusiasmo o brasileiro que era extremamente inovador na área da construção hospital, de autoria do doutor Resende Puech. A imprensa brasileira mostrou a sua admiração sobre o hospital na época, que antecedia a sua inauguração.
As fontes externas de informações foram utilizadas com muito cuidado, e a publicação detalha muitos aspectos que não eram conhecidos, envolvendo o período onde os brasileiros estiveram no seu comando, com a ativa participação dos japoneses e seus descendentes, em que pesem as dificuldades da Guerra, tanto com depoimentos colhidos como documentações localizadas.
Até o período do pós-guerra, a tuberculose era um grave problema que afetava a muitos brasileiros e imigrantes japoneses, exigindo muitas cirurgias do tórax. Instalações em Campos do Jordão permitiam a demorada e cuidadosa recuperação de muitos pacientes. A oftalmologia desenvolveu-se na esteira dos problemas do tracoma que afetavam os envolvidos em longas viagens do Japão para o Brasil.
Fica claro, com esta publicação, que a medicina brasileira tirou o máximo proveito do empreendimento nipo-brasileiro que proporcionava instalações adequadas para o que havia de mais avançado na época no Brasil, notadamente com um corpo de enfermagem, quando as próprias instituições oficiais de ensino em São Paulo não contavam com condições para tanto. Conhecidos cirurgiões brasileiros exerceram suas atividades no Hospital Santa Cruz.
Antonio Prudente e sua esposa Carmen atuaram por anos no Santa Cruz, antes da instalação do Hospital do Câncer; a quimioterapia começou a ser utilizada neste empreendimento nipo-brasileiro. A cirurgia plástica já se destinava à reparação das operações.
A volta da comunidade nipo-brasileira ao comando do Hospital Santa Cruz exigiu entendimentos com as autoridades brasileiras, que contribuíram para a sua recuperação, como também fizeram muitas empresas. Muitos voluntários ajudam o Hospital Santa Cruz.
O lançamento do livro ocorrerá no próximo dia 29 de abril, sexta-feira, nas dependências do Museu da Imigração Japonesa, localizado na Rua São Joaquim, 381, bairro da Liberdade, a partir das 19h, quando se espera um bom público.


2 Comentários para “História do Hospital Santa Cruz”

  1. Maria do Carmo haramura
    1  escreveu às 17:29 em 26 de abril de 2016:

    Sempre soube da importância desta instituição hospitalar. Membro da família de meu marido fez parte do corpo de médico, Dr. Roberto Udihara. Muito satisfeita com a publicação do livro sobre a história do hospital. Parabéns !!!

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 11:25 em 28 de abril de 2016:

    Cara Maria do Carmo Haramura,

    Muito obrigado pelo seu comentário. Se possível compareça a cerimônia do seu lançamento.

    Paulo Yokota