Os Japoneses Procuram Evitar Expressar Uma Negação
15 de abril de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: a necessidade de salvar a face dos interlocutores, formas elegantes de expressar uma negação, lições apresentadas num artigo do Japan Today | 6 Comentários »
Na cultura japonesa, existe uma necessidade de evitar deixar o interlocutor numa situação difícil, o que corresponde a permitir o entendimento de que uma resposta tem um sentido de negação, sem se afirmar isto.
A Coto Language Academy ensina como os japoneses expressam aos interlocutores uma resposta negativa sem dizer não, como consta de um artigo no Japan Today
A expressão em japonês do “não” seria “iie”, mas isto seria considerado muito grosseiro, não fazendo jus à necessidade de harmonia entre os interlocutores. Só nos negócios, como em Osaka, existe um dialeto que usa a expressão “akan”, que seria mais prática, sem ser ofensiva, para dizer não. O usual seria expressar ¨chotto”, segundo o artigo, que transmite a existência de uma dificuldade. Também deve se entender que existem diferentes graus de uma resposta negativa.
O primeiro grupo incluiria “muri” (difícil), “dame” (não é possível), “dekinai” (não é possível fazer) e “chotto”, empregado entre amigos e colegas próximos. No fundo, estaria se afirmando que as circunstâncias impossibilitam uma resposta positiva. A expressão mais conveniente seria “dekinai” que seria menos definido, um tanto vago, segundo o artigo. Normalmente, seria empregado para o convite para um jantar juntos, por exemplo.
No segundo grupo estariam “kibishii” (muito difícil), “muzukashii” (muito dificultoso) e “taihen” (tremendamente complexo), mais empregados em situações comerciais, sem se negar abertamente. Procura-se transmitir ao interlocutor situações ambíguas, mas informando todas as dificuldades envolvidas para uma resposta positiva.
Um terceiro grupo seria expressar formas cinzentas, que podem ter interpretações de muitos tipos e envolveriam: “kekko desu” (que literalmente seria desnecessário), bimyou (incerto, não pode ser descartado), e “isogashii” (estamos demasiadamente ocupados), onde se está usando uma tradução livre. Não estaria se atribuindo ao interlocutor a impossibilidade de uma resposta positiva, mas talvez a quem esteja dando a resposta.
Finalmente, o “kamo shiremasen” (talvez possa ser assim), ou “kamoshirenai” (talvez seja assim), que é o grupo mais ambíguo possível. É preciso entender que os japoneses, principalmente nos negócios, necessitam de um consenso dentro de uma empresa ou um grupo, podendo haver posições divergentes, o que não permite resposta positiva.
Existem muitas situações, principalmente de interesses comerciais, que acabam tendo uma interpretação errônea, principalmente da parte dos brasileiros, usando intérpretes que nem sempre sabem de todos os costumes japoneses. Para se evitar constrangimentos, sempre existe a técnica de se usar um terceiro idioma, como o inglês, quando as dificuldades ficam divididas entre as duas partes envolvidas.
Já passamos horas em discussões de redações, como de uma comunicação conjunta, quando os brasileiros entendem que se trata de detalhes, mas que são relevantes para os japoneses. Estas dificuldades não podem ser subestimadas.
Por causa disso que o Japão perdeu sua relevancia mundial. O mundo atual exige firmeza de posicionamento e não ficar em cima do muro.
Caro Angelo Ishida,
Obrigado pelo seu comentário com o qual não concordo. Este é um problema cultura que é da população. Outros países asiáticos também possuem costumes semelhantes, principalmente os chineses.
Paulo Yokota
Artigo interessante e esclarecedor.
Caro Carlos,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota
Fantástico o artigo!
Valeria a pena ser republicado em outros idiomas.
São as idiossincrasias da língua japonesa que a fazem bela como todas as demais peculiaridades culturais de cada povo.
Cara Eliane Hosokawa Imayuki,
Muito obrigado pelo seu comentário.
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Paulo Yokota