Pragmatismo Indispensável no Mundo Atual
11 de abril de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: Laozi e Tao, lições de filósofos chineses, Mencius, pragmatismo nos pequenos aperfeiçoamentos do dia a dia, procura exagerada de orientações morais, verdadeiras lições como de Confúcio
Um interessante artigo foi publicado no The Guardian por Michael Puett e Christine Gross-Loh, referindo-se a recente procura por lições dos filósofos chineses como Confúcio, que estaria ocorrendo em universidades norte-americanas. Muitos parecem entender que as orientações morais estariam carentes no mundo atual, quando, aparentemente, eram mais pragmáticos, recomendando aperfeiçoamentos nos comportamentos do dia a dia das pessoas. Talvez isto sirva também para o Brasil.
Confúcio, pensador chinês, que nasceu no século VI a.C., atualmente muito em voga nas universidades norte-americanas
Tudo indica que muitos atribuem os problemas atuais do mundo à falta de uma orientação moral, outorgando grande importância para pensamentos de Confúcio e outros pensadores chineses da sua época. Autores como Michael Puett colocam em discussão seu pragmatismo e sua proposta de analisar os comportamentos das pessoas no dia a dia, sem enfatizar as grandes soluções globais, que seriam meras consequências. É necessário admitir também que o atual governo chinês está dando grande prioridade para o Instituto Confúcio ser o instrumento para o mundo conhecer mais a cultura chinesa.
A atual discussão do impeachment da presidente Dilma Rousseff e do vice Michael Temer revela uma pobreza de lógica de parte a parte, mostrando que a superficialidade das discussões conduz a um perigoso processo onde a emoção coletiva ganha importância exagerada. Nem todos entendem que as transgressões legais possam ser decorrentes de ensinamentos danosos que os pais dão aos seus filhos, com seus desastrosos comportamentos.
Nota-se que diariamente, conduzindo os filhos para as escolas, muitos pais transgridem as mais elementares regras de trânsito, como se as leis não fossem para todos, visando a convivência da coletividade. Os filhos apreendem que estas regras não valem para eles, de onde acaba se disseminando uma cultura de transgressão de disposições legais que dependem das vontades populares, normalmente contra os menos privilegiados.
As regras morais que deveriam orientar uma coletividade não decorrem somente das grandes questões, mas pragmaticamente do cotidiano. Poucos concluem que as assustadoras acumulações dos poluentes que acabam provocando grandes desastres ecológicos dependem do uso exagerado de combustíveis fósseis, em carros mal regulados, do desperdício de energias e danos aos outros elementos fundamentais para o equilíbrio e a sustentabilidade do meio ambiente.
Ocorrendo ou não o impeachment, poucos analisam o Day After, bem como as duras reformas que terão de ser promovidas para proporcionar condições econômicas, política e sociais para o Brasil. Estariam os eventuais substitutos qualificados para liderar estes sacrifícios que devem atingir inicialmente os congressistas e os políticos. Todos comportam como se fosse possível um milagre, e que num passe de mágica estaríamos num novo mundo, sem que tenhamos trabalhado para tanto. As questões morais envolvidas terão que começar no cotidiano, parece ser a lição deixada pelos filósofos chineses séculos antes de Cristo. São tarefas difíceis.