The Economist Reconhece que o Impeachment Ajuda Pouco
22 de abril de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: esperança diante da ausência de violências, limitações da classe política brasileira, mas não é culpa exclusiva da presidente, The Economist acha que o impeachment é inevitável
A edição deste fim de semana do The Economist reconhece que o impeachment da presidente Dilma Rousseff caminha para uma solução, mas ela não é a única responsável. A classe política brasileira, pela votação na Câmara Federal, revela suas limitações.
Ilustração utilizada pelo The Economist relacionado com o impeachment de Dilma Rousseff
Segundo o The Economist, o Brasil já passou por períodos onde a violência era mais acentuada nas questões políticas, e na sessão da Câmara dos Deputados, que aprovou por expressiva maioria o prosseguimento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, houve de tudo, quase uma festa, mas não se registrou violência expressiva sequer nas ruas. A votação ocorreu num período dramático para a economia brasileira, com crescimento negativo, inflação e desemprego alto, havendo necessidade de reformas substanciais, onde os opositores do governo não relevam disposições para mudanças profundas. Escândalos como o da Petrobrás teriam como beneficiários muitos que votaram contra o governo.
A revista constata que os possíveis substitutos não se apresentam como melhores que ela, que não foi implicada diretamente, mas tentou proteger outros que poderiam ser responsáveis. Figuras como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foram denunciadas como “gângsteres” e “ladrões”, mostrando que a corrupção está alastrada por todos os segmentos.
A revista não espera uma solução rápida, pois o impeachment ainda demandará um bom tempo para cumprimento de todo o seu rito. Mas reconhece que existe uma tolerância, sem que se recorra à violência, mesmo nas ruas, o que alimentaria uma esperança. Considera que uma maneira de captar o espírito em vigor no Brasil seria eleições gerais, o que não se apresenta como uma alternativa viável no momento.
A revista também caminha no sentido do Second Best, ou seja, sem a possibilidade de uma boa solução, caminhar-se-ia pelo que seria possível. Há possibilidade de que as expectativas de mudança tenham condições de restabelecer a confiança indispensável para a retomada dos investimentos, sem o que não haveria uma solução adequada. Um novo governo, com quadro mais respeitável, poderia gerar maior confiança do setor privado e do exterior. Teriam que ser criadas as condições para os investimentos nas infraestruturas, tirando proveito também do setor rural que continua contando com condições para competitividades internacionais.
Certamente, não existe um caminho fácil, mas nos países emergentes as mudanças acabam sendo mais rápidas do que nos países já consolidados, como os desenvolvidos.