As Aspirações do Prêmio Nobel Joseph Stiglitz
11 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: desenvolvimento e distribuição de renda, o caso brasileiro, os resultados obtidos por Barack Obama
Joseph Stiglitz é um consagrado economista que se preocupa com o desenvolvimento, mas também com a melhoria da distribuição de renda, com longa experiência acadêmica e atividades no Banco Mundial.
Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz concedeu entrevista para o Estadão
Joseph Stiglitz é um consagrado economista que foi professor em universidades de primeira linha, como Yale, Princeton e Harvard, estando agora na Universidade de Columbia, autor de muitos livros importantes, preocupando-se com o desenvolvimento e a melhoria da distribuição de renda, tendo passado pelo Banco Mundial. Concedeu uma entrevista para Juliana Sayori, publicada no Estadão, analisando a administração de Barack Obama e referindo-se de passagem ao caso brasileiro.
Ele comentou os resultados obtidos por Barack Obama, respondendo às questões formuladas pela Juliana Sayori, conseguindo parte do prometido na campanha eleitoral que se baseava no “Yes, we can change”. Reconhece que a economia norte-americana passa por um crescimento, ainda que modesto, mas não conseguiu melhorar a distribuição de renda, pelo contrário, piorou bastante.
O sistema bancário continua gozando de privilégios sem que se consiga controlá-lo, o que depende também de autoridades monetárias que não se restringem aos Estados Unidos. Os ricos continuam mais ricos e os mais pobres não conseguiram avanços. Mas ele espera que nas próximas eleições os democratas vençam e terão que perseguir uma melhoria na distribuição da renda, até porque Hillary Clinton está sendo forçada para tanto pelo outro candidato do seu partido. Sua esperança é que os jovens devam pressionar neste sentido, ao mesmo tempo em que ele não acredita no candidato republicano.
Ele entende que os dados de desemprego não são os oficiais, devendo estar entre 10 a 12%, ao mesmo tempo em que as medidas restritivas aos bancos não foram suficientes, no que se chama Lei Dodd-Frank, que começa a ser aplicado de forma ainda tímida.
Sua interpretação é que o capitalismo como hoje concebido só pode ter continuidade com a melhor distribuição dos benefícios do desenvolvimento e os jovens precisam sonhar com tal objetivo. É natural que eles estejam insatisfeitos com a falta de empregos dignos para eles.
Ele informa que participou das discussões promovidas pelos países componentes dos BRICS na África do Sul, mas os resultados continuam modestos, sendo que no Brasil houve alguns avanços, mas não se conseguiu utilizar os benefícios proporcionados pelos preços das commodities para melhorar o desenvolvimento.
Ele acompanha o que acontece no Brasil pelo que é divulgado na imprensa, mas fica preocupado que o impeachment esteja sendo promovido por um Congresso onde proliferam muitos corruptos.
Na realidade, bons acadêmicos como Joseph Stiglitz também participam pouco das atividades políticas diretas, ficando nas suas palestras, artigos e livros com recomendações que devem ser consideradas, mas parecem carecer das ações que só podem ser obtidas pelas ações políticas e administrativas que possuem suas limitações.
No caso brasileiro, mesmo com todos os seus defeitos, as indicações atuais, principalmente dos que podem assumir o poder, se concentram somente nas criações das condições para o desenvolvimento, com uma evidente redução da melhoria da distribuição de renda, que pode ter sido até irrealista no passado recente.