Carlos Ghosn na sua Ousadia Absorve a MMC
12 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: a Nissan associada com a Renault absorve a MMC envolvida em escândalos, atinge o nível das maiores empresas automobilísticas do mundo, recursos abundantes disponíveis
Num momento de crise mundial, a ousadia do brasileiro Carlos Ghosn permitiu que a Nissan-Renault absorva a MMC – Mitsubishi Motors, aproximando-se nas somas das produções das grandes empresas automobilísticas mundiais.
O presidente Carlos Ghosn, da Nissan Motor associada da Renault, cumprimenta o chairman Osamu Masuko, da Mitsubishi Motors, após o acordo para absorver suas operações. Foto publicada pelo The Yomiuri Shimbun
Com a ousada operação neste momento de crise da indústria automobilística mundial e da MMC, a Nissan-Renault mais a Mitsubishi Motors fica com uma produção de cerca de 9,6 milhões de unidades anuais, aproximando-se da Toyota que, junto com a Daihatsu Motor de Hino Motors, além de outras marcas do grupo, chega perto de 10,15 milhões, a Volkswagen com a Audi e a Porsche e outras marcas do grupo chega a cerca de 9,93 milhões e a General Motors com cerca de 9,84 milhões de unidades ano.
O artigo publicado pela Yomiuri Shimbun informa que foi assinado o acordo básico para formar uma aliança estratégica em que a Nissan coloca efetivamente a MMC sob sua égide, com a aquisição de 34% das ações, que é muito no Japão. Todos sabem que a Mitsubishi Motors, que produzia alguns modelos menores para a Nissan, foi atingida por um escândalo com dados falsos sobre as economias de energia dos seus veículos que se prolongam por 25 anos, apesar de se tratar de uma empresa de um grupo de tradições seculares como a Mitsubishi.
Carlos Ghosn afirmou que o acordo vai gerar consideráveis sinergias, e na cerimônia Osamu Masuko pediu desculpas para o público pelos escândalos, esperando que o acordo vá restaurar a confiança sobre seus veículos, que chegam até os caminhões pesados. A Nissan vai absorver as ações totalizando Yens 237,36 bilhões (cerca de US$ 2,2 bilhões), além de enviar seus executivos, operação que foi aprovada pelos Conselhos dos dois grupos. Os dois grupos já vinham cooperando na produção de automóveis elétricos e veículos híbridos, que no Japão se referem aos de gasolina com energia elétrica. A Mitsubishi Motors produz cerca de 140 mil minicarros, inclusive os comercializados pela Nissan, que levaria anos para produzi-los.
Um artigo publicado pelo Yomiuri Shimbun com despachos da Bloomberg informa que a Nissan está enfrentando os problemas de frente. A operação assemelha-se em alguns aspectos com a que associou a Nissan com a Renault no final de 1990, quando Carlos Ghosn demonstrou que um executivo estrangeiro poderia obter um grande sucesso no Japão, quando todos duvidavam pelas diferenças das culturas empresariais.
A Mitsubishi Motors tem recursos financeiros para suportar o baque atual, mas suas ações estão cotadas por preços baixos. A Nissan dispõe de volumosas reservas financeiras e, com os juros baixos do Japão, os recursos para novos empreendimentos não são problemas. A Nissan acaba cobrindo partes do mercado do Sudeste Asiático onde a Mitsubishi é forte e ela não é, como na Tailândia, onde podem enfrentar outros concorrentes.
Outro aspecto que está sendo considerado é que o grupo Mitsubishi é tradicional, contando com muitos executivos veteranos, que podem ser melhorados com a presença da Nissan-Renault. A Mitsubishi Heavy, por exemplo, que vem desenvolvendo aviões, não foi convidada para ajudar a empresa automobilística.
Mas como a empresa automobilística está se tornando gigantesca, Carlos Ghosn, que veio obtendo sucesso por 17 anos no Japão, enfrenta novos desafios, pois nem sempre os japoneses são muito rápidos, necessitando da formação do consenso. Espera-se que sua ousadia supere novamente todos os obstáculos.