Dados do Estadão Sobre o Fim de Uma Era
12 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: dados econômicos e sociais de um jornal crítico à administração petista, indicadores econômicos e sociais, interpretações possíveis
Sempre são interessantes que se observem os dados econômicos e sociais, principalmente os críticos a um período administrativo, para verificar as interpretações possíveis, ainda que sejam genéricos.
Dados econômicos constante do encarte do jornal O Estado de S.Paulo
Examinando-se estes gráficos com os principais indicadores econômicos é possível observar-se algumas tendências sobre as quais valem algumas considerações. No que se refere à cotação do dólar norte-americano, verifica-se que no primeiro mandado do presidente Lula da Silva prosseguiu-se o que vinha sendo praticado pela administração de Fernando Henrique Cardoso, não se compreendendo que as exportações brasileiras estavam sendo beneficiadas pelas quantidades e preços que não dependiam do Brasil, acabando por prejudicar as exportações industriais que vieram reduzindo a sua participação no PIB. Algo semelhante acontecia com a taxa de juros que veio de um patamar elevado para chegar aos níveis de outros países emergentes.
O emprego melhorava no Brasil e só começou a declinar depois de 2010, já no mandato de Dilma Rousseff. A inflação acelerou-se a partir de 2008 com a crise que abalou o mundo, provocando uma instabilidade no crescimento que acabou desabando a partir de 2010.
Muitos analistas chamam a atenção que a administração de Dilma Rousseff era até razoável no primeiro mandato, começando a piorar com a proximidade das eleições, período em que se forçou a manter a tentativa de um crescimento artificial quando o mundo já tinha alterado o seu comportamento. O mecanismo da reeleição, que agora se cogita eliminar, realmente tem sido nocivo para o Brasil, o que já aconteceu mesmo no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Alguns indicadores sociais do Brasil, constante do encarte de O Estado de S.Paulo
Estes indicadores sociais do Brasil são invejáveis para qualquer país, ainda que existam aspectos onde as administrações petistas possam ser criticadas. Reduziu-se a pobreza no Brasil de forma contínua ao longo de 11 anos, pois os dados disponíveis vão até 2014. Os críticos poderão dizer que foram exagerados, principalmente quando a economia já piorava no período final deste período. O índice de Gini, que se modifica lentamente, também veio reduzindo a distância entre os privilegiados e os desfavorecidos, até quando em outros países houve sensíveis pioras, tanto entre desenvolvidos ou emergentes.
Uma melhora da renda real de mais de 35% em uma década é algo que não se consegue obter com facilidade, mesmo nos países emergentes, quando nos estágios iniciais de melhora acabem ficando mais acelerados. A mortalidade infantil veio declinando até 2010, quando o SUS começou a piorar seus serviços. Algo semelhante aconteceu com o analfabetismo, ainda que se possam criticar os critérios utilizados para a sua medida, estabilizando-se a partir de 2011.
O drama destes dados é que privilegiados da sociedade brasileira não acompanharam o ritmo desta melhora, ainda que os que estão no top da sociedade tenham se tornados milionários, sem que tenham arcado com tributos correspondentes. O problema é que os que chegaram à classe média agora, com o desemprego, retornam para os patamares anteriores, tornando-se aguda e justificadamente contrariados com as ações governamentais.
Estes dados merecem reflexões mais profundas.