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Equipe Técnica que Agrada e a Política

18 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: as restrições políticas, dimensões do problema, equipe técnica para a política econômica, qualificação

A imprensa e os setores empresariais receberam bem o anúncio da equipe técnica que deverá formular e executar a política econômica, mas não podem ser subestimadas as dificuldades políticas de um Congresso de qualificação modesta.

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Fotos e dados publicados pela Folha de S.Paulo

A equipe dos principais responsáveis pelos setores fundamentais para a formulação da política econômica, anunciada pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles, agrada a maioria dos especialistas bem como os empresários, tanto pela qualificação que o indicado e os nomeados possuem, como as experiências acumuladas ao longo de suas carreiras, tanto no setor público como no setor privado.

Começa com Ilan Goldfajn, indicado para a Presidência do Banco Central, Ph.D. por MIT – Massachusetts Institute of Technology, que já foi diretor daquela instituição e vinha exercendo as funções de economista chefe do Banco Itaú-Unibanco, tendo trabalhado no FMI – Fundo Monetário Internacional. Conhecido no mercado brasileiro como internacional, que ajuda no conceito do Brasil nas agências externas como as empresas de rating, reúne as condições para desempenhar um bom papel, devendo ser aprovado sem nenhum problema pelo Senado Federal.

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Ilan Goldfajn indicado para presidente do Banco Central, cumprimentado pelo presidente interino Michel Temer, ao lado do ministro Henrique Meirelles, em foto publicada no O Estado de S.Paulo

Discute-se de forma inadequada, em minha opinião, a autonomia do Banco Central. O problema reside no atual Conselho Monetário Nacional, composto somente pelo ministro da Fazenda, ministro do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, que estabelece as metas inflacionárias e as orientações que devem ser seguidas pela política monetária. Se fosse a autonomia do banco, há que se considerar que o mandato do atual presidente ainda não venceu, e a mudança não deveria ser processada agora. O ponto central é a adequada coordenação da política monetária com a fiscal e os demais aspectos relevantes, como cambial, salarial etc. Setores que dependem desta política monetária, como a agropecuária e a indústria e serviço, deveriam ter também suas vozes, como acontece na maioria dos países.

Tarcisio Godoy foi nomeado secretário executivo do Ministério da Fazenda, uma espécie de vice-ministro. Ele já exerceu estas funções, foi secretário do Tesouro e trabalhou no Bradesco na área de seguros. Jorge Rachid foi nomeado para a Receita Federal, onde já exerceu estas funções em duas administrações. Otávio Ladeira foi nomeado para o Tesouro Nacional, onde é funcionário de carreira, e também já exerceu estas funções.

Marcelo Caetano, nomeado secretário da Previdência que acabou sendo incorporada pelo Ministério da Fazenda, é do Ipea e atuou como coordenador de atuária da Previdência. Tanto Carlos Hamilton, novo secretário de Política Econômica, como Mansueto Almeida, secretário de acompanhamento econômico, já exerceram funções semelhante na administração pública.

Portanto, a equipe indicada deve estar entre as mais qualificadas disponíveis no Brasil, com pleno conhecimento dos problemas que devem ser enfrentados.

No entanto, sabendo que o governo enfrentará problemas no Congresso Nacional para aprovar medidas de reformas relevantes, muitos ministros foram designados como se fora um regime parlamentarista. No entanto, há que se reconhecer que tem de contar com elementos como os relacionados com o deputado afastado pelo Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha, que será julgado por seus pares. Estas dificuldades políticas não podem ser subestimadas, pois as negociações serão, possivelmente, difíceis.