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O Governo de Michel Temer

13 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: as decisões nos bastidores, o que não está no noticiário, parlamentarismo | 6 Comentários »

É natural que todo governo tenha a sua faceta pública e o que é efetivamente possível de ser feito, muitas vezes decidindo nos bastidores, com os parcos recursos disponíveis.

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Michel Temer no seu primeiro pronunciamento como presidente interino

Compondo o seu ministério com 19 parlamentares ou quem já foi parlamentar no total de 23 novos ministros, fica claro que Michel Temer está dando extrema prioridade para o relacionamento com o Congresso, num regime quase parlamentar para o seu curto governo. Ele ainda é presidente interino até o término do julgamento de Dilma Rousseff no Senado Federal, com a Presidência de Ricardo Lewandowski, do STF, que tem prazo máximo de 180 dias para tanto. Como nem todos os escolhidos são especialistas nos assuntos das pastas que ocuparão, sua função principal será conseguir a maioria necessária para as reformas que pretende submeter ao Congresso.

Passarão a ter importância, como em todos os regimes parlamentaristas, os altos funcionários de carreira que ocuparão os cargos mais elevados de cada Ministério. Entre eles, muitos assessores da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, onde são numerosos os que se aposentaram na administração pública, e prestaram concursos no Congresso, tendo amplo conhecimento da máquina administrativa pública.

Criando o PPI – Programa de Parcerias de Investimentos, tendo como secretário executivo o seu principal auxiliar, Moreira Franco, sem status de ministro, ele está indicando onde realmente serão tomadas as decisões importantes do governo, visando atrair o setor privado para participar de projetos para os quais terão que aportar recursos que o governo não tem.

Se ele vai procurar manter os programas sociais que obtiveram êxito, preservar os direitos adquiridos por aqueles que estão empregados nas aposentadorias futuras, bem como os direitos trabalhistas dos que estão trabalhando, para evitar os já elevados déficits orçamentários o novo governo, não restará muito espaço para novos investimentos. E estes são fundamentais para pretendida ativação da economia, ainda que as mudanças de expectativas ajudem melhorar o clima existente. Reduzir o desemprego vai ser um grande desafio.

Havendo resistências para a elevação dos tributos, terá que contar com recursos dos seus parceiros privados nos novos projetos de infraestrutura, recorrendo também a privatizações em muitos setores. O aumento da eficiência da máquina administrativa pública é algo que demanda tempo, acima do período do seu mandato, mas pode ser iniciado com a ajuda de burocratas competentes.

Os desafios são imensos e milagres são raros. Vai se exigir sacrifícios e paciência da população que não foram explicitados, pois não seriam simpáticos para a opinião pública. Algumas margens existem para a elevação da tributação, principalmente para os mais privilegiados, que também são os mais influentes na mídia. Certamente, parte substancial da calamidade em que se encontra o país vai acabar sendo atribuído à administração anterior, ainda que todos, principalmente os parlamentares, também sejam responsáveis pela explosão das despesas públicas que ocorreu no país.

O que pode se esperar é que a nova administração tenha maior paciência para a costura política indispensável, que o governo Dilma Rousseff não tinha. Também o relacionamento com os veículos de comunicação social pode ser melhorado de forma que até as medidas mais amargas possam ser vendidas com maior eficiência.

Há que se aproveitar bem a carência que todos os novos governos contam por um período limitado. Todos torcem pelo sucesso de Michel Temer.


6 Comentários para “O Governo de Michel Temer”

  1. Paulo Nakamura
    1  escreveu às 04:24 em 15 de maio de 2016:

    Prof. Paulo Yokota, com a mudança da politica exterior , com a nomeação do Chanceler Serra, teriamos a volta dos embaixadores políticos, ou seja fora dos quadros do Itamaraty, como foi na era FHC? Se for o caso , bem que poderiamos um embaixador do Brasil em Tóquio ligado a comunidade nipo brasileira, ou alguém que promovesse mais o intercâmbio politico e econômico, e não um embaixador burocrático que apenas espera a aposentadoria como tem sido nos últimos tempos da era petista. Eu acho que o senhor seria uma boa indicação para ser o Embaixador em Tóquio.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:45 em 16 de maio de 2016:

    Caro Paulo Nokamura,

    O Itamaraty adota a orientação de não mandar para um país alguém que seja descendente de imigrantes deste país, como no caso do Embaixador Edmundo Fujita, orientação que parece correta.

    Paulo Yokota

  3. Adriana Paoli
    3  escreveu às 12:39 em 17 de maio de 2016:

    Lamentável o que está acontecendo no Brasil! Pessoas honestas como Lula e Dilma sendo “espancados” por uma imprensa oportunista e políticos golpistas! Torço, sim, para que o Temer se dê mal e a Dilma retorne ao poder.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 17:20 em 18 de maio de 2016:

    Cara Adriana Paoli,

    Na democracia, todos tem direito a suas opiniões. Vamos procurando aperfeiçoá-la.

    Paulo Yokota

  5. Paulo Nakamura
    5  escreveu às 07:33 em 21 de maio de 2016:

    Prof. Paulo Yokota. Eu não conhecia essa orientação do Itamaraty de não enviar embaixadores nipo descendentes para o Japão. Qual a razão? Me parece que para diplomatas do escalão inferior não existe essa proibição, pois conheci uma terceira secretária nikkei que serviu em Tóquio.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 10:49 em 23 de maio de 2016:

    Caro Paulo Nakamura,

    Não se trata de uma orientação rigorosa, mas alguns países latino americanos que enviaram para o Japão nikkeis nãod foram bem sucedidos. Não parece ser a qualificação que os distinguiriam. Muitos diplomatas brasileiros desempenharam cargos intermediários na Embaixada no Japão, dando contribuições relevantes.

    Paulo Yokota