Os Instrumentos da Política Econômica
2 de junho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a política salarial não está isolada, as dificuldades de coordenação da política econômica, os principais instrumentos disponíveis para o governo
Todos sabem que quando não existe uma coordenação adequada na formulação da política econômica, pelo uso adequado dos diversos instrumentos disponíveis, as possibilidades de sucesso acabam se reduzindo, não se conseguindo os resultados desejados pelo governo e pela sociedade.
Foto da aprovação do reajuste salarial para o Executivo, Judiciário, Legislativo e PGR pela Câmara dos Deputados
A aprovação do reajustamento salarial dos funcionários da administração federal deve proporcionar um gasto adicional de R$ 64 bilhões até 2019, segundo as informações divulgadas pela imprensa, quando a economia brasileira já enfrenta muitas dificuldades. Como os salários funcionam como vasos comunicantes, a tendência é que estes reajustes tenham influência também nas estatais como no setor privado, quando o governo anunciou que se persegue a redução dos custeios da burocracia pública. Sabe-se que a população vem procurando os concursos para serem admitidos nos empregos públicos. A medida teria a aprovação do presidente interino Michel Temer.
A política salarial é considerada o principal instrumento da política econômica e necessita estar coordenada com os demais, como a política fiscal, monetária e cambial, entre outros, pois afeta um dos principais preços de uma economia, o salário, sendo mais influente que o juro, o câmbio ou a tributação, sem o que fica muito difícil se conseguir o objetivo perseguido pelo governo e pela sociedade.
A economia brasileira já enfrentou ao longo de sua história muitas dificuldades com a falta de coordenação da política monetária e fiscal, e até de decisões sobre os salários, que acabaram prejudicando os resultados perseguidos pelo governo. Repetem-se novamente os erros cometidos no passado e não se pode acreditar que uma equipe econômica competente como a atual ignore estes princípios fundamentais. O mais provável é que não foram ouvidos diante das conveniências da política de contar com o apoio do Legislativo, do Judiciário bem como dos poderosos interesses da burocracia, o que não deixa de ser também um problema grave.
Para se conquistar a confiança do setor privado e da população, visando à retomada dos investimentos indispensáveis para a recuperação da economia, a coerência bem como a adequada comunicação são condições relevantes, pois está se colocando em risco o futuro da economia brasileira, bem como a democracia já conquista pelo país. Trata-se, portanto, de um ponto fundamental.