Energia Renovável e Limpa no Brasil
29 de julho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: necessidade de competitividade, país com muito sol e vento, suplemento de energia renovável da Folha de S.Paulo
Se existe um país no mundo com condições naturais favoráveis para a geração de energia limpa, renovável e sustentável, certamente é o Brasil. A Folha de S.Paulo publicou um importante suplemento a respeito.
Aumentam os projetos de energia renovável e limpa no Brasil
O Brasil é um país que tem as melhores condições de disponibilidade de ventos e energia solar, ao lado das hidroelétricas, que permitem uma matriz energética menos dependente das fontes poluentes como o petróleo, gás e carvão. No entanto, precisa contar com uma indústria competitiva para a produção de equipamentos, como baterias, que não dependam de subsídios. Os investimentos feitos neste setor estão menos afetados pela crise econômica, mas há que acelerar as pesquisas para se obter maior eficiência, inclusive nas transmissões a grandes distâncias.
Segundo os dados do suplemento de energia renovável publicado pela Folha de S.Paulo, a liderança da energia hídrica é de 66,7%, seguida de combustíveis fósseis com 17,5%, biomassa de 8,8% e a nuclear de 1,3%, baseados em números da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. A eólica é a segunda mais barata e representa apenas 5,8% da matriz, mas somente em 2015 e 2016 estão sendo investidos R$ 50 bilhões, o que ainda é muito pouco. A energia solar chega somente a 0,02%, mas é a fronteira que deve receber investimentos de R$ 100 bilhões até 2030. O Brasil ainda é o sétimo país do mundo que mais investe em energia limpa e o sexto mais atrativo, ainda que apresente maior potencialidade.
O Nordeste brasileiro é que apresenta mais potencial e onde estão se realizando os grandes investimentos. Os ventos durante o dia são em direção ao mar que é mais frio e a noite em direção à terra, com uma ventilação natural como em poucos países do mundo. Por ser um país tropical, a insolação é bastante intensa em todo o período do ano. Os investimentos em equipamentos para suas captações deveriam ser elevadas, como vem ocorrendo na China.
O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é um dos poucos que estão financiando os investimentos nestas gerações de energia limpa. Haveria necessidade de alternativas, inclusive com recursos disponíveis no mercado de capitais. Parece indispensável uma política governamental clara para o setor, notadamente nas pesquisas que permitam ampliar a produção de equipamentos eficientes, inclusive de baterias utilizando lítios de países vizinhos.
Deve-se observar que em muitos países estão sendo realizadas pesquisas para gerações de energia tanto de hidrogênio quanto de tecnologias de ponta, como os utilizando energia solar para a produção de combustíveis líquidos, como consta de um artigo publicado pelo World Econom Forum, em colaboração com a ETH Zurich.
Ainda existem possibilidades de aproveitamento hidroelétrico, mas acabam se concentrando na Amazônia, criando problemas de preservação do meio ambiente, relacionamento com as populações locais, notadamente indígenas, além da necessidade de transportes com as linhas de transmissão por grandes distâncias. Há que se aproveitar as condições existentes na grande faixa litorânea brasileira, onde se concentram as populações e os segmentos que utilizam muita energia.