Informações Controversas Sobre a Alimentação no Brasil
4 de julho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: aumento de produtos veganos, baixo consumo de frutas, necessidade de certificações, verduras e legumes
Dois artigos diferentes publicados na Folha de S.Paulo informam sobre uma possível controvérsia, mesmo existindo diferenças que precisam ser melhores qualificadas. Um, refere-se às pesquisas científicas indicando que o consumo de frutas, verduras e legumes é baixo no Brasil, considerado as recomendações atuais. De outro, que produtos veganos apresentam um crescimento expressivo, notadamente em São Paulo.
Multiplicam-se as ofertas de produtos veganos em São Paulo
Uma parte da população brasileira, a mais esclarecida, está consumindo cada vez mais produtos sem carne de qualquer tipo, baseando-se em cereais e outros ingredientes considerados saudáveis, normalmente com menos sal, açúcar e gorduras trans, que os produtores afirmam serem veganos. Muitas pequenas empresas, das artesanais até as menores industriais, voltam-se a este mercado em crescimento expressivo, como consta do artigo de Anna Rangel, publicado na Folha de S.Paulo, que deve expressar a realidade.
No entanto, apesar da abundância relativa de frutas, verduras e legumes no Brasil, um artigo publicado pelo mesmo jornal Folha de S.Paulo informa que pesquisas efetuadas por revistas científicas indicam que os brasileiros consomem estes produtos abaixo das quantidades recomentadas por organismos como a Organização Mundial de Saúde, preferindo produtos industrializados.
Algumas frutas, verduras e legumes disponíveis no Brasil
O artigo cita que a revista científica Journal of Human Growth and Development revisou 23 pesquisas feitas no Brasil entre 2005 e 2015. Somente 12,5% dos jovens consumem apenas uma porção destes produtos ao dia, quando o recomendado pela OMS seria de cinco porções, ou seja, 400 gramas diárias. As mulheres e os idosos consumiriam mais, mas considerando todas as faixas etárias os resultados não seriam positivos. É um quadro preocupante, que precisa ser sensivelmente melhorado.
É evidente que os dados dos dois artigos não são comparáveis, mas a constatação mais grave é que muitos achem estarem consumindo o necessário de frutas, verduras e legumes, quando estão abaixo dos recomendáveis, provocando problemas como a obesidade, como aponta o professor de pediatria Rubens Feferbaum, da Faculdade de Medicina da USP, autor de um dos estudos.
Outro estudo publicado na revista científica Plos One acompanhou a dieta de mais de 117 mil pessoas entre 30 e 40 anos por um período de 24 anos. Mostrou a existência de produtos que ajudam a reduzir a obesidade de forma significativa, mas que batatas, ervilhas e os milhos não contribuem para a perda de peso, que evidentemente não é único problema existente de saúde.
O que parece desejável é que os produtores se organizem em entidades para certificar seus produtos, bem como seus ingredientes. Temos insistido que necessitamos de uma campanha ampla, nacional, e as escolas, como em muitos outros países, mostrem a existência formas mais saudáveis de se alimentar, notadamente num país como o Brasil que dispõe de produtos de todas as qualidades e em quantidade que podem melhorar a qualidade de vida da população.