Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reflexões Sobre a Divisão e o Retrocesso Mundial

1 de agosto de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: divisões internas e internacionais, o The Economist enfoca parte do problema, outras razões sobre os quais precisamos meditar

O número deste fim de semana da revista The Economist procura analisar os problemas enfrentados pelo mundo que estava se globalizando e agora sofre fortes retrocessos em importantes países do mundo. Mas fica-se com a impressão de existirem outros fatores a serem considerados, que provocaram reações observadas atualmente e que, lamentavelmente, aparentam grandes retrocessos.

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Capa do atual número da revisa The Economist

Como sempre ocorre, a revista The Economist trata dos atuais problemas que estão ocorrendo no mundo, envolvendo até países importantes como os Estados Unidos e o Reino Unido, além de muitos outros europeus e mesmo regiões. No entanto, fica-se com a impressão que reflexões mais completas precisam ser feitas, para não se ficar somente em considerações restritas aos aspectos ideológicos, ainda que elas sejam importantes. Parece que a falta de entendimento de outras razões que aceleraram a eclosão destes problemas também devam ser enfocados.

Lamentavelmente, o mundo Ocidental nem teve a capacidade de compreender os problemas dos países que foram considerados periféricos, mas também tinham a sua importância. Entre eles, os asiáticos e os árabes, os africanos e os latino-americanos com suas muitas divisões que sempre existiram. O Reino Unido e a França, desde o tempo colonial, dividiram muitas regiões que estavam sob o seu domínio, não respeitando adequadamente o que não entendiam completamente, como se a força militar que tinham fosse suficiente para impor suas vontades. Ainda são razões para muitas disputas locais.

Observando o que acontece no Oriente Médio nas últimas décadas, tendo como foco o Líbano e a Síria, fica-se com a impressão que não se entendeu adequadamente as profundas divisões que existem nestes países entre os próprios árabes, ao mesmo tempo em que eles eram considerados pouco relevantes, quando comparados com os interesses do controle do mercado de petróleo pelos ocidentais e seus aliados. Os Estados Unidos e seus parceiros na NATO intensificaram os bombardeios, provocando a morte de civis, mulheres e crianças, em elevado número como se não tivessem nenhuma importância, ainda que as vítimas fossem maiores que as de criminosos atentados em muitos países. Os árabes não absorveram estas desconsiderações, que acabaram desaguando em organizações mal estruturadas, como o Estado Islâmico.

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Bombardeios na Síria que provocam muitas mortes de inocentes

Tudo ficou agravado pelas volumosas migrações de povos que não encontravam condições de manter um nível de vida razoável nos seus países de origem, em parte com responsabilidades de interesses ocidentais procuravam os países com as quais as diferenças eram significativas, ainda que exigindo difíceis adaptações. Seus sacrifícios em vidas, de crianças e mulheres, não foram suficientes para despertar uma solidariedade humana e hoje se multiplicam as resistências a estes deslocamentos.

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Mortes de crianças imigrantes que emocionam a todos

The Economist analisa o que está ocorrendo na campanha eleitoral norte-americana onde vozes insensatas como de Donald Trump encontram ecos importantes nos eleitorados, estendendo-se para problemas étnicos que sempre continuam latentes nos Estados Unidos. Também em muitos países europeus consolidam-se correntes nacionalistas, colocando até em risco a União Europeia e os avanços obtidos com a globalização, que certamente ampliou o volume de intercâmbio comercial e de serviços, inclusive com maior liberdade de deslocamento dos recursos humanos aumentando o nível de bem-estar no mundo, ainda que mal distribuído. O que aconteceu com o Brexit não pode ser subestimado.

O terrorismo que se alastrou pelo mundo trouxe intranquilidade a todos, inclusive com os lobos solitários difíceis de serem controlados, mesmo com todos os meios tecnológicos disponíveis. A violência passou a fazer parte do novo mundo.

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Atentado de um lobo solitário em Nice que provocou muitas mortes

Todos estes lamentáveis problemas estão exigindo de nós reflexões profundas. Os líderes dos diversos países precisam entender que o mundo atual não suporta mais estas insanidades, havendo que se encontrar meios para a convivência de todos, equacionando adequadamente os interesses diversos que honrem que os seres humanos sejam considerados animais inteligentes. Vamos tentar recuperar a nossa sensatez.