Aproveitando a Fusão Bayer Monsanto
16 de setembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: aproveitamento da biodiversidade para variados fins, condições para preservar a concorrência, pesquisas no Brasil
Ainda que os acionistas da Bayer como da Monsanto tenham aprovado a fusão das duas empresas multinacionais, as autoridades de diversos países devem preservar as concorrências que devem continuar a prevalecer em muitos deles. No caso brasileiro, o CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica pode estabelecer exigências para a ampliação das pesquisas no país, inclusive de aproveitamento local da biodiversidade para o desenvolvimento de novas tecnologias para outras organizações.
Um país tão amplo e diversificado como o Brasil pode intensificar suas pesquisas para melhor aproveitamento da sua biodiversidade, com o aproveitamento das bases como da Embrapa
Quando ocorre uma fusão de duas grandes organizações multinacionais, como a Bayer e a Monsanto, para continuar mantendo a concorrência no país de diversos produtos ofertados são necessárias às aprovações como do CADE. Dada às amplas diferenças regionais do país e as limitações atuais de pesquisa como da EMBRAPA, parece de toda a conveniência que sejam estabelecidas condições para a aceleração das pesquisas locais visando o melhor aproveitamento da biodiversidade brasileira por outras organizações, aproveitando os conhecimentos já acumulados.
Muitos produtos, como a soja e o milho, apresentam poucas adaptações para as condições vigentes nas diversas regiões do Brasil tendo origens comuns. Também a biodiversidade brasileira ainda não é suficientemente aproveitada para a utilização comercial de vários defensivos de origem vegetal diante das atuais limitações de recursos orçamentários e humanos de organismos como a EMBRAPA. Assim, seria de toda conveniência nacional que a Bayer seja obrigada a utilizar parte da sua capacidade agora ampliada com a da Monsanto para desenvolver novos produtos que possam ser colocados no mercado brasileiro.
Já existem muitos produtos conhecidos para tanto nos institutos de pesquisas, mas ainda não chegaram a tornar comerciais para uso mais eficiente nas diversas regiões brasileiras. Isto acontece de forma mais acentuada na Amazônia e no Nordeste brasileiro, regiões que se tornaram recentemente importantes na produção agropecuária do país e que podem ampliar as exportações para o resto do mundo. Criariam empregos adicionais e ajudariam na geração de divisas indispensáveis para o desenvolvimento brasileiro.
Tanto a Bayer como a Monsanto atuam tradicionalmente no Brasil e podem ajudar a acelerar na criação de novas variedades de plantas adaptadas às condições naturais das diversas regiões do país. Também novos defensivos de origem naturais, comprovadamente eficientes, ainda não contam com escala comercial, o que podem atingir com as capacidades de marketing da nova organização. Poderiam ser estabelecidas regras, com uso da experiência brasileira para que empresas locais também tenham acesso a estas tecnologias. Ainda que parte dos conhecimentos possa ser proveniente do exterior, as dimensões brasileiras já justificam produtos de origem nacional, que podem ganhar até mercados internacionais.