Diferentes Modelos Para o Desenvolvimento da Agricultura
26 de setembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: casos mistos no Brasil, pequenas propriedades na Europa, produções empresariais nos EUA
Um artigo publicado por Jayson Luskept no International New York Times ressalta a importância da produção agrícola empresarial, enquanto na Europa predomina as pequenas e médias explorações, muitas familiares. No Brasil, existem os dois modelos, sendo que nos hortifrutigranjeiros predominam as pequenas explorações, enquanto nos cereais as grandes unidades. (Foto de uma produção de alface e outros vegetais em escala empresarial na Califórnia publicada no artigo do International New York Times).
O autor do artigo publicado no International New York Times defende que para a sustentabilidade de uma economia onde a população cresce e ocorrem mudanças climáticas, haveria necessidade de grandes explorações para atender as demandas de alimentos e fibras. Segundo ele, 80% das produções agrícolas dos Estados Unidos dependeram em 2012 das grandes fazendas, segundo os dados do Departamento de Agricultura daquele país, ainda que sejam somente 8% dos produtores.
A tecnologia seria relevante e os grandes produtores estariam capacitados para o seu uso de forma progressistas no planeta e torná-lo mais suave sobre os impactos ambiental, mais do que em qualquer momento da história. A maioria das fazendas é de propriedade de famílias e somente 3% de empresas. Os pequenos atendem às necessidades locais, mas não aos restaurantes, segundo o autor.
Segundo ele, existem preocupações legítimas sobre a erosão do solo, contaminação das águas e outros problemas ambientais nas grandes explorações, mas também os produtores estão preocupados com estes assuntos relacionados com o uso de fertilizantes e conservação dos solos, o que pode ser alcançado com a utilização da tecnologia. O uso do GPS permite a identificação dos diversos tipos de solo e o uso de variedades adequadas para cada área.
Segundo o autor, o público não tem ideia do que seria gerir cerca de 1.373 campos de futebol na produção média de alface ou 620 na produção de tomate. Hoje, os produtores usam sensores para medir o conteúdo de água nos solos, drones e satélites e nenhuma técnica de produção é mais eficiente que a irrigação e a colheita mecânica. Todos os produtores estão ligados com as cotações dos mercados pelos meios eletrônicos, os drones são utilizados para a detecção de infecções de pragas e todos os usos de insumos são controlados pela informática.
Na Europa, notadamente na França, entende-se que a atividade rural é um estilo de vida, onde a preocupação não se restringe a eficiência na produção, mas a grande variedade de produtos e subprodutos que são oferecidos ao mercado, com diferenciações importantes. É comum encontrar nas feiras parisienses desde queijos, pão artesanal, ovos ao lado de legumes e verduras produzidos em pequena escala, ainda que sejam mais caros dos que os disponíveis em grandes supermercados. As melhores frutas são colhidas manualmente e até as produções de vinhos são em pequena escala. As produções de cereais costumam adotar maior escala.
Na Ásia, também existem convivências de pequenos produtores com os grandes, modelo que parece predominar também no Brasil. Muitos produtos não permitem grandes escalas, mesmo com o uso de tecnologias avançadas. Os produtos que são voltados para o mercado internacional acabam exigindo escalas, mas os destinados aos abastecimentos locais, mesmo das grandes metrópoles, ainda exigem escalas menores, onde os produtores são obrigados a preservar os recursos naturais que utiliza em suas atividades.
Tudo indica que sempre haverá uma convivência de grandes produtores com os pequenos e, mesmo em atividades de pequeno porte, estão sendo introduzidos os benefícios da tecnologia, inclusive para enfrentar os problemas climáticos. Em todo o mundo, existe muito vinil houses que são difíceis de serem operados em grandes escalas, mesmo que sejam empresariais. A escassez de recursos humanos também está obrigando a introdução de novas tecnologias, como vem acontecendo no Japão.