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Discussão Sobre o Desinteresse de Sexo no Japão

2 de outubro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: discussões sobre os resultados das pesquisas, interpretações discutíveis, necessidade de aumento do nascimento no Japão | 2 Comentários »

clip_image002Trava-se uma discussão sobre o verdadeiro significado do resultado das pesquisas sobre a atividade sexual jovens japoneses, havendo controvérsias, quando o Japão luta pelo aumento do nascimento de crianças.

Foto de um casal em Tóquio, ilustração publicada num artigo no Japan Times

Como todos sabem, o Japão procura estimular o nascimento de crianças por causa da redução de sua população total e as suas dificuldades em admitir imigrantes estrangeiros. Uma pesquisa efetuada pelo National Institute of Population and Social Security Research deu margem para a interpretação de que os jovens japoneses estariam menos interessados em sexo, o que ampliou a discussão sobre o verdadeiro significado dos resultados, notadamente pela analista Maki Fukasawa.

O assunto está abordado por Philip Brasor no seu artigo publicado no Japan Times, onde muitos têm expressado que o Japão é um país onde homens e mulheres perderam os seus libidos, atribuindo-se ao aumento da introversão dos japoneses e a perda de sociabilidade dos jovens.

A cada cinco anos este assunto vem sendo pesquisado por levantamentos amplos, mas as terminologias dão margens para interpretações diversas. Na pesquisa efetuada em junho do ano passado, entre os jovens solteiros de idade de 18 a 34 anos, 69% entre os homens e 59% entre as mulheres responderam que não possuem parceiros sexuais que denominam kosan aite, que poderia se traduzido como “parceiro de interação”. 30% responderam que não possuem esperanças de conseguir estes parceiros e 42% ainda seriam virgens. São evidentemente dados preocupantes.

Muitos jornais japoneses estão discutindo estes assuntos sem mesmo examinar profundamente os relatórios completos destas pesquisas. Mari Fukawawa, que forjou há 10 anos a expressão soshoku danshi (homens herbívoros) utilizada pela imprensa, procurou esclarecê-la. Eles teriam interesse em sexo, mas não eram agressivos neste assunto.

Aparentemente, os japoneses teriam se tornado mais responsável com o sustenta da família, quando o quadro econômico é incerto. Existem nuances nas expressões usadas nas pesquisas, que estariam sendo repetidas nos meios de comunicação com uma leitura superficial, sem uma alteração no tempo sobre o interesse sexual em si. Mas as atitudes para um envolvimento mais profundo só seriam tomadas quando estão seguros que desejam e podem se responsabilizar por crianças.

O que parece estar acontecendo é que a flexibilidade sexual, mais ampla na maior parte do mundo, estaria sendo encarada pelos japoneses com maior responsabilidade. Não haveria dúvida que houve um período de maior tolerância também no Japão há algumas décadas, mas hoje haveria um conservadorismo maior, mostrando que nisto os japoneses diferem do restante do mundo.


2 Comentários para “Discussão Sobre o Desinteresse de Sexo no Japão”

  1. Edison Yamazaki
    1  escreveu às 21:13 em 10 de outubro de 2016:

    Tudo começa na infância, onde as crianças não são estimuladas a interagirem umas com as outras, independente do sexo. Na adolescência o problema se agrava porque passa a existir o “clube dos bolinhas e das luluzinhas”. Por falta “de treino” nenhum deles consegue se aproximar um do outro. Na fase adulta ocorre uma grave separação de interesses. Os homens buscam trabalho e a mulheres conforto. Não é raro encontrar moças que só se aproximam de homens por interesse. Maior ainda são aquelas que procuram parceiros que tenham bons salários. Como se vê, existe pouco envolvimento emocional, e a relação não vai para a frente. Para formar uma família no Japão é necessário, primeiro, mostrar o holerite.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:33 em 12 de outubro de 2016:

    Caro Edison Yamazaki,

    Obrigado pelos comentários. Estes problemas envolvem diversos fatores sendo difícil de diferenciar e destacar somente alguns. Parece que existe algo parecido com uma “cultura”, que está preocupando os estudiosos do assunto. Fico impressionado quando vejo grupos de mulheres jantando e trocando ideias, sem a presença de homens.
    Paulo Yokota

    Paulo Yokota