Falta de Demanda Para o Desenvolvimento
17 de outubro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo resumo no Yomiuri Shimbun, as economias emergentes, dificuldades das reformas, os países desenvolvidos | 2 Comentários »
Um artigo de Takashi Yamazaki publicado no Yomiuri Shimbun consegue resumir o problema da falta de demanda que limita o desenvolvimento atual no mundo.
Gráfico didático publicado no Yomiuri Shimbun que mostra como o desenvolvimento está limitado no mundo
Raramente, um artigo publicado num jornal comum como o Yomiuri Shimbun consegue mostrar com clareza de forma didática os problemas que afetam os países desenvolvidos e emergentes.
O artigo informa que o Bank of Japan e o FED norte-americano se esforçam utilizando suas políticas monetárias para estimular a recuperação das economias, com resultados limitados. É o que acontece nos países desenvolvidos em geral, que compreendem 39 países e regiões, notadamente depois do problema do Lehman Brothers em 2008.
Os dados do Fundo Monetário Internacional mostram que os países desenvolvidos cresciam 3,1% na média anual da década dos 1980 e vieram baixando ligeiramente para 2,7% na década seguinte, o mesmo percentual de crescimento mantido entre 2000 a 2007, que declinou para 1,6% de 2011 a 2015. Prevê-se que volte a crescer um pouco mais deste para o próximo ano (1,8%). E isto apesar dos estímulos dos seus bancos centrais, havendo uma “japonização” nos países desenvolvidos.
Os investimentos de capital na produção estão paralisados, havendo uma capacidade ociosa e falta de demanda, com uma tendência para a deflação. O professor Shinichi Fukuda, da Universidade de Tóquio, atribui este fenômeno a três fatores principais: efeitos posteriores do colapso das bolhas econômicas, o baixo crescimento populacional com seu envelhecimento e redução das exportações para os países emergentes.
Todos sabem que a quebra do Lehman Brothers desencadeou o estouro da bolha que estava sendo alimentada pelos arriscados financiamentos imobiliários nos Estados Unidos, espalhando consequências para outras economias, notadamente europeias. No Japão, está havendo uma redução de sua população e o seu envelhecimento que também se observa em outras sociedades desenvolvidas. Não ocorre a migração que vem ocorrendo na Europa, mas os idosos tendem a preservar os seus patrimônios para eventuais necessidades de saúde, deixando de consumir agressivamente. As distribuições de riqueza e renda estão piorando com os cidadãos aplicando seus recursos no setor financeiro em todo o mundo.
Os países europeus mantinham os países africanos dependentes de suas exportações e financiamentos, mas a partir da China a continuidade do seu processo de desenvolvimento passa a exigir reformas difíceis de serem executadas, para sua economia depender mais fortemente do seu mercado interno. Estas reformas, como as que estão sendo tentadas no Brasil, apresentam dificuldades ao mesmo tempo em que a melhoria de sua classe média encontra agora contratempos adicionais. As dificuldades chinesas acabam afetando também as economias desenvolvidas.
Procura-se abrir novas fronteiras como as africanas, mas os atritos e problemas de corrupção apresentam suas dificuldades. Muitos entendem que a AI – Artificial Intelligence seria a forma de aumentar as atividades em países desenvolvidos, com a ampliação de muitos serviços, ajudando a criar a quarta revolução industrial. Alguns analistas entendem que o suporte oficial deve se voltar para o incentivo às pesquisas, inclusive para a Internet das Coisas, deixando de se concentrar nos instrumentos monetários para passar a usar também os fiscais.
Além da proteção dos idosos, existem os que recomendam redução das regulamentações, preocupações com o meio ambiente e uso de energia renováveis e sustentáveis, apresentando novos desafios vitais para a humanidade. Certamente, muitos países emergentes também apresentam muitas dificuldades, sendo que no caso brasileiro há necessidade de ajustamento dos gastos aos recursos disponíveis.
Tudo leva a crer que o crescimento possível ainda continuará sendo modesto, havendo necessidade de ampliação das demandas, pois nenhum investimento que tenha possibilidade de aumentar o crescimento ocorrerá com o excesso atual de capacidade quando comparada a demanda existente.
Muito bom artigo.
Claudio,
O artigo é muito didático.
Paulo Yokota