Raro um Empresário Acumular Três Comandos Importantes
20 de outubro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: culturas empresariais diferentes, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, Renault-Nissan-Mitsibishi Motors | 2 Comentários »
Muitos jornais econômicos relevantes no mundo noticiam a confirmação que o franco-brasileiro Carlos Ghosn assumiu, além do comando da Renault francesa e da Nissan japonesa, também o da Mitsubishi Motors do Japão, tornando-se o mais importante empresário mundial da indústria automobilística.
O franco brasileiro Carlos Ghosn na foto publicada no site do Nikkei Asian Review
Quando o franco-brasileiro Carlos Ghosn, nascido em Rondônia, que estava à frente da Renault francesa, foi designado para comandar a Nissan japonesa, muitos duvidavam que um empresário ocidental pudesse dominar a cultura empresarial japonesa com sucesso. Ele, que já tinha comandado uma grande empresa internacional no Brasil como a Pirelli e aperfeiçoou os seus conhecimentos na França e na Europa, com humildade admitiu a importância da cultura empresarial japonesa e da Nissan. Agora foi designado chairman da Mitsubishi Motors, que enfrentou problemas e possui experiências importantes em caminhões e outros veículos pesados.
Todos sabem que no Ocidente existem poderosos empresários que possuem um forte comando da empresa onde atuam. No caso japonês, a cultura de contar com um consenso dos seus funcionários de carreira para as decisões obriga que a cultura da empresa seja respeitava para não agravar as naturais disputas existentes entre diversos grupos de funcionários. Também as empresas japonesas costumam prezar muito a tecnologia desenvolvida dentro de cada uma, apresentando resistências para a incorporação de conhecimentos provenientes de outros grupos, notadamente estrangeiros.
Carlos Ghosn, com muita habilidade, reconheceu a importância da cultura empresarial da Nissan, considerada uma das melhores empresas automobilísticas do Japão. Os grandes executivos de bancos, por exemplo, costumavam usar seus veículos. Trouxe a sua experiência na Renault, sem nenhuma arrogância, mostrando que um empresário ocidental poderia conseguir um grande prestígio no Japão, que tende a ter uma cultura diferenciada no país por ser um arquipélago. Conseguiu sucesso e ampliou o campo onde empresários estrangeiros pudessem atuar no Japão, desde que tivesse a qualidade para incorporar parte do que a cultura empresarial japonesa tem de positivo. Não seria demais afirmar que Carlos Ghosn incorporou também a flexibilidade brasileira, que com a criatividade permite conviver com outras culturas diferentes.
A notícia do The Wall Street Journal, com sua mentalidade norte-americana, destaca que mesmo que Carlos Ghosn não receba uma grande remuneração da Mitsubishi Motors, ele deve superar os principais executivos de Detroit, como se isto fosse o fato relevante. Poder comandar grandes empresas automobilísticas como a Renault, a Nissan e a Mitsubishi Motors, que detêm diferentes tecnologias, parece o desafio mais importante. A Renault trabalha com diversos modelos europeus, a Nissan tinha os automóveis japoneses mais luxuosos e a Mitsubishi Motors, parte de um grande conglomerado secular, está especializada em veículos pesados. Seria interessante juntar estas tecnologias, mais do que tirar proveito recíproco de três grupos poderosos. Parece ser um desafio de mais alto nível para os empresários mais qualificados do mundo.
Carlos Ghosn tinha se comprometido com a administração brasileira anterior instalar no Brasil um centro de pesquisas, pois os veículos a serem utilizados em países emergentes como o nosso, necessitaria de fortes adaptações, não devendo ser meras cópias de modelos cujos equipamentos já estejam amortizados nos seus países de origem. Também deve se considerar que o mundo globalizado ainda continuará a ter importância, e a intensificação das tecnologias de informática caminham para economias de energias poluentes, segurança dos usuários, considerando que infraestrutura nem o combustível possuem a mesma qualidade dos países desenvolvidos.
O mercado dos países emergentes hoje é mais importante do que do mundo desenvolvido, apresentando ainda espaços para novas ampliações, como está se observando na China e em outros emergentes asiáticos como a Índia e a Indonésia, que contam com grandes populações. Espera-se que o comando único de três grandes empresas automobilísticas possam trazer benefícios também para o Brasil.
Só mesmo um brasileiro para levar empresas japonesas ao lucro. Sony, Toshiba, Toyota, Makita etc. deveriam fazer o mesmo: contratar brasileiros como chefões. Aí, sim, terão sucesso.
Cara Simone Aparecida,
Obrigado pelo comentário. Assim como temos Carlos Ghosn, lamentavelmente, temos empresários que estão vendendo suas empresas para se dedicarem à importação de produtos como da China.
Paulo Yokota