Dificuldades das Decisões Consensuais Para Ações
20 de novembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a reunião de Marrakesh, ações conjuntas difíceis de serem adotadas, diagnósticos quase consensuais
A imprensa brasileira, principalmente a Folha de S.Paulo, procura destacar o esforço das autoridades brasileiras relacionado com os problemas climáticos mundiais de forma a evitar um fracasso da reunião realizada em Marrakesh. Mas com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos parece que ações conjuntas globais se tornam mais difíceis de serem adotadas, ainda que exista um razoável consenso sobre o diagnóstico da preocupante situação a que já se chegou.
Gráficos constantes do artigo publicado no site do The Economist
A revista The Economist publica no seu site um ótimo resumo da preocupante situação que o problema do aquecimento global está provocando no mundo, que foi discutido em Marrakesh na semana passada. É um artigo que merece ser lido na sua íntegra. Mas o que está acontecendo no mundo, principalmente quando o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, se mostra contrário a uma clara colaboração do seu governo no sentido de tomar as medidas necessárias visando reverter a atual situação acaba provocando uma posição cautelosa dos demais países e o Brasil conseguiu somente que a reunião não ficasse marcada pelo fracasso. Esforços continuarão ser feitos, mas não há uma perspectiva brilhante de medidas concretas que possam reverter a atual tendência global. Os Estados Unidos continuam relevantes no mundo para as decisões dos demais países neste e em outros problemas, como a continuidade do incremento das relações comerciais mundiais.
Outro gráfico publicado pelo The Economist indica que o gelo no Ártico continua se reduzindo
Todos observaram que as irregularidades climáticas acentuadas pelo fenômeno El Niño foram dramáticas nas mais variadas partes do mundo. Secas violentas ocorreram na Califórnia, na Austrália, na Índia e até no nordeste brasileiro. Os tufões nos Caribes e na Ásia continuam provocando assustadoras inundações, vitimando muitas populações. Mas, ainda assim, não estão sendo tomadas as medidas para sensíveis reduções de poluentes, ainda que alguns esforços estejam sendo feitos para o aumento das energias não poluentes, como as solares.
Esforços gigantescos teriam que ser efetuados para a preservação de florestas como a da Amazônica e muitos países necessitam de assistências financeiras adicionais dos países desenvolvidos para a continuidade de ações que tenham condições de reverter a situação.
Gráficos publicados no The Economist mostram que continuam aumentando o uso de combustíveis poluentes, principalmente na China, ainda que estejam sendo feitos esforços para a sua estabilização, que não é suficiente
Gráfico do The Economist mostrando o aumento da energia solar
O artigo do The Economist não comentou que o problema das derrubadas das florestas continua sendo preocupante, notadamente na Amazônia, envolvendo diretamente o Brasil.
Esta falta de um razoável consenso mundial também está sendo acompanhado pelo aumento de manifestações populares, bem como de correntes políticas minoritárias em diversos países, sem que se chegue a medidas consensuais para garantir o respeito por todos pelas vitórias democráticas. Com estas limitações que são ressaltadas pelas ações dos meios de comunicação de massa, além do aumento da importância das redes sociais que utilizam meios eletrônicos que não estão imbuídos de suas responsabilidades, divulgando até inverdades, acabam reduzindo a capacidade dos governos tomarem medidas drásticas para reversão dos graves problemas universais, que afetam a todos.