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Donald Trump Bem Assessorado

13 de novembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: artigo no site da Bloomberg, ênfase nos discursos destinados a determinados alvos, identificação de aspectos críticos pela Cambridge Analytica, tendências do eleitorado norte-americano | 2 Comentários »

A equipe que assessora Donald Trump identificou algumas tendências melhor que seus adversários e seus últimos discursos na campanha eleitoral foram destinados para públicos específicos, permitindo resultados gerais que surpreenderam muitos analistas.

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Donald Trump acabou vencendo em estados críticos

Um artigo publicado por Jushua Green e Sasha Issenberg no site da Bloomberg, que está se tornando um dos veículos mais informados no mundo, mostra que os assessores de Donald Trump conseguiram identificar os estados críticos onde haviam tendências de insatisfações com a atual situação econômica e política nos Estados Unidos. Os últimos discursos do candidato, que foram considerados desesperados por muitos analistas, tinham um alvo específico, conseguindo que o candidato conseguisse a vitória eleitoral. A equipe da Cambridge Analytica, comandada por Matt Oezkowski, foi fundamental nesta tarefa estratégica.

Os antigos chineses já ensinavam que nunca se poderiam subestimar os adversários, o que poderia conduzir ao desastre. Os democratas que suportavam Hillary Clinton entendiam que Donald Trump, com suas colocações radicais, não seria adversário respeitável, não entendendo que existiam faixas expressivas de insatisfeitos nos Estados Unidos, como também aconteceu no Reino Unido, que determinou a sua saída da Comunidade Europeia. Apesar do desenvolvimento ocorrido por décadas de globalização no mundo, não perceberam que havia uma importante faixa dos que não estavam sendo beneficiados por este processo, notadamente entre os brancos sem diplomas universitários, habitantes do setor rural ou empregados em setores que sofriam concorrências de produtos importados.

Nas últimas semanas da campanha eleitoral, os discursos radicais de Donald Trump foram interpretados como desespero diante da eminente derrota, quando estavam dirigidos especificamente aos insatisfeitos que se mostravam dispostos a se colocar contra os líderes democratas e empresários considerados responsáveis por esta situação desconfortável de uma faixa da população norte-americana. Os resultados agora estão mais claros, ainda que não compreendida por muitos.

Também ainda existe uma interpretação de que Donald Trump não conta com condições de liderar os Estados Unidos. Outros comparam com a situação de Ronald Reagan, considerado um mero ator, quando contava com a capacidade de delegar a seus auxiliares a execução de tarefas importantes. Espera-se que o atual eleito também possa repetir algo parecido, aumentando sua capacidade de ouvir seus auxiliares.

Este diagnóstico também foi feito pelo cineasta liberal Michael Moore, ridicularizado por muitos da imprensa que pensavam que estavam aparelhados para interpretar o que acontecia nos setores mais profundos dos Estados Unidos. A surpresa foi muito grande, havendo os que já admitem que eles próprios não conhecem suficientemente aquele país.

Muitos estão interpretando que a eleição mais recente não representa uma revolução como a francesa, mas um aperfeiçoamento do sistema liberal dos Estados Unidos. O pragmatismo de Donald Trump e sua equipe mostra que o sistema de saúde de Barack Obama continuará, com um mínimo de ajustamento, como em muitos outros setores. Mas ele terá que acelerar a adequada compreensão do Congresso norte-americano, que ainda mantém o seu objetivo, sem compreender totalmente o que vem ocorrendo.

O comparecimento maciço dos eleitores norte-americanos foi interpretado de forma incorreta, superestimando os imigrantes provenientes do exterior quando a massa importante do poder estava com os insatisfeitos atuais. Foi o que se observou no que passou a ser conhecido como Cinturão da Ferrugem nas proximidades do que restou da indústria automobilística norte-americana.

Os que não conseguirem entender a profundidade do que está ocorrendo nos Estados Unidos e em muitos países europeus podem ser atropelados pela nova evolução que poderá ocorrer no mundo. Os brasileiros também precisam saber que estão inseridos no mundo que mudou, ajustando seus programas à nova realidade.


2 Comentários para “Donald Trump Bem Assessorado”

  1. Beth
    1  escreveu às 10:14 em 14 de março de 2017:

    As pessoas não entendem este homem até hoje….

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:54 em 14 de março de 2017:

    Cara Beth,

    Realmente ele é muito complicado, mas conseguiu detectar muitos insatisfeitos com a situação presente, e mesmo com suas extravagâncias está obtendo alguns resultados a curto prazo, que podem gerar novas dificuldades.

    Paulo Yokota